Bia: "Mesmo sendo mulher, na Indy o que conta é o resultado"

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Envolvida com o automobilismo desde 1994, quando começou a correr de kart, Bia Figueiredo, ou Ana Beatriz, como é conhecida nos Estados Unidos, ostenta a marca de ser a única mulher a conquistar uma vitória na Indy Lights, torneio de acesso à Izod Indycar Series.

Na F-Indy desde 2010, Bia fará no dia 29 de abril sua terceira participação na São Paulo Indy 300, prova que terá transmissão ao vivo pelos canais Band e Bandsports e pelas rádios Bandeirantes e Bandnews FM. A piloto paulista conduzirá o Dallara DW-12 com motor Chevrolet da equipe Andretti Motorsports. Bia também participará das 500 Milhas de Indianápolis, corrida que acontece um mês depois da São Paulo Indy 300.

Poucos dias após o anúncio de sua participação na prova brasileira da Izod Indycar Series, a piloto de 27 anos concedeu a seguinte entrevista exclusiva, na qual conta o que espera do novo carro da categoria, da prova nas ruas de São Paulo e fala até da relação com pretendentes.
Confira abaixo a íntegra da entrevista:

Você vai para a Itaipava São Paulo Indy 300 Nestlé com apenas um treino com o carro novo. Como será essa adaptação?
Bia Figueiredo:
Um dia de treino é pouco para me adaptar a um carro novo, mas pelo menos tivemos um. Vou ter que utilizar o máximo dos treinos em São Paulo para fazer essa adaptação.

Quais as virtudes do Dallara DW-12?
BF:
O carro ainda tem muita coisa para desenvolver, mas ele é divertido de guiar, especialmente pelos novos motores V6 turboalimentados e mais downforce (na comparação com o modelo anterior). Os freios de carbono são muito mais agressivos e fáceis de bloquear as rodas. Foi com esse detalhe que a maioria dos pilotos, inclusive eu, sofreu para se adaptar.

O que há no DW-12 que "casa" com o seu estilo de pilotar?
BF:
Ainda é difícil dizer. Sinto que não cheguei nem perto do limite no meu único dia de treino.

A experiência que teve nas edições passadas da Itaipava São Paulo Indy 300 Nestlé pode ajudar?
BF:
Ajuda por conhecer a pista. Só terei que me concentrar no desenvolvimento do carro.

São Paulo e Indianápolis são pistas difíceis? Como você classificaria cada uma?
BF:
São pistas totalmente diferentes. São Paulo é um circuito travado, com a maioria das curvas em segunda e até primeira marchas, e uma longa reta que dá grande oportunidade de ultrapassagens. Indianápolis é um oval que não é bem um oval, é um retângulo. Tem quatro curvas em 90 graus que são muito desafiadoras, em especial a Curva 1, que é onde tudo acontece. Mas gosto muito das duas pistas. A Itaipava São Paulo Indy 300 Nestlé e a Indy 500 são, para mim, as provas mais especiais do ano.

A Indy é a categoria top que mais abriga pilotos mulheres. Este ano, contando você, serão três. Você acha que vocês estão liderando uma mudança no esporte em termos internacionais?
BF:
Já faz algum tempo que a Indy tem mais mulheres que outras categorias internacionais. O automobilismo americano gosta de mulheres competindo de igual para igual com os homens. Mas isso não é mais nenhuma novidade e para estar na Indy não basta ser mulher, o resultado é essencial. A mesma coisa vale para as outras categorias.

A Andretti é uma boa equipe. Na Indy, mesmo com o carro padronizado, a equipe faz muita diferença? De zero a 100, qual seria o peso da equipe e do piloto nessa equação?
BF:
A equipe faz diferença sim, mas posso dizer que é menos que na Fórmula 1. É importante ter um carro rápido, mas uma das coisas mais importantes na Indy é a estratégia de corrida.

O que os americanos falam da prova brasileira? Por exemplo, o que pessoal da sua equipe fala sobre a pista, o ambiente, o público?...
BF:
Eles adoram a prova brasileira e já desejam, assim que chegarem a São Paulo, ir a uma churrascaria. Para os novatos há sempre uma certa insegurança, por ser a primeira vez em um país desconhecido que fala outra língua. Mas é só mostrar um pouco de fotos pela internet e eles já ficam mais tranquilos.

Dos 26 inscritos para 2012, 15 já venceram na Indy. Esse é um horizonte possível para você neste ano?
BF:
Tenho duas provas para tentar, né?! Não é o que penso agora, pois é difícil prever o quão competitivos estaremos em duas corridas, mas meu objetivo na Indy é vencer.

Nas primeiras etapas da Indy, disputadas em circuitos mistos, os motores Chevrolet dominaram. Você acredita que este domínio se dará também nos ovais? Por quê?
BF:
É isso que é o mais legal de ter vários motores. A Chevrolet começou melhor, mas tenho certeza que a Honda e a Lotus irão evoluir. Como correrei com Chevrolet espero que esse domínio continue... (risos). Tudo pode mudar até Indy.

Você tem namorado? No Brasil, normalmente o homem é que conduz o carro. Quando vocês saem, quem dirige? Rola uma negociação?
BF:
Estou solteira atualmente, mas geralmente os homens gostam que eu dirija. Primeiro porque querem ver as minhas habilidades no volante e em segundo lugar porque se sentem inseguros diante do risco de eu começar a chamá-los de braço duro... (risos).