Cielo é tri e o mais rápido do mundo nos 50 m livre

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Cesar Cielo é tricampeão mundial dos 50 m livre e o homem mais rápido de todos os tempos na natação. Recordista mundial dos 50 m livre desde 2009, com 20s91, levou a medalha de ouro no Mundial de Desportos Aquáticos de Barcelona (ESP), no sábado (3/8), na piscina do Palau Sant Jordi, com 21s32, novo recorde da prova na era pós-trajes. Cielo repetiu o pódio dos dois últimos mundiais, em Roma/2009 e Xangai/2011, para conquistar o tricampeonato inédito - ganhou a 11ª medalha em Mundiais, a sexta em piscina olímpica. O brasileiro protagonizou a cerimônia de premiação mais emocionante de Barcelona ao cair em prantos na hora do Hino do Brasil. O público respondeu ao choro de Cielo com aplausos.

Cesar Cielo deixa o Mundial de Barcelona com duas medalhas de ouro - ficou também com o título dos 50 m borboleta, ganho no início da competição (segunda, 29/7). "É muita felicidade conseguir essas duas medalhas de ouro!", comemorou.

O velocista, que também é campeão olímpico na distância (Pequim/2008) e tem um bronze (Londres/2012), garantiu que não sabia quem ganharia, após os tempos fortes das semifinais. Na prova, Cielo teve um bom tempo de reação na largada (0.63) e uma disputa com o russo Vladimir Morozov, que levou a medalha de prata, com 21s47. A medalha de bronze ficou com George Bovell (21s51), de Trinidad e Tobago. O francês campeão olímpico em Londres/2012,Florent Manaudou, que havia feito 21s37 na semifinal, ficou fora do pódio.

"Para ser sincero, achei que o Manaudou era favorito pela constância de bons resultados. Achei que ele nadaria para 21s3, 21s4", disse Cielo. Contou que treinou muito nesta temporada a segunda metade da prova porque sabia que não seria o melhor nos primeiros 25 metros, após cirurgia nos dois joelhos há dez meses. "Estava respeitando os meus adversários e o meu corpo também, depois da cirurgia, que foi muito complicada no joelho esquerdo - passei três meses duvidando se conseguiria fazer um salto de novo. E dez meses depois.... não tenho como explicar!"

Cielo acrescentou que a final foi mais tensa, como nos 50 m borboleta, e que ele acertou ao não querer demais. "Eu consegui manter um nado eficiente, nadar os 50 metros e não acelerar a prova, não querer demais."

Cielo disse que não pensou em nada na hora da largada - "tinha um branco na cabeça". "Na hora em que eu senti a água, na primeira braçada, eu só pensei o tempo inteiro: 'longo e rápido, longo e rápido... não acelera os 50, não deixa a braçada patinar'. Tentei manter a braçada grande, a cabeça alinhada e, de vez em quando, olhava os caras do meu lado. Vi a parede, meio que medi qual braçada seria a melhor chegada e já olhei para o placar. Não sabia a minha posição, como também não sabia nos 50 borbo. Olhei, deu o número 1 ali... Foi sensacional, o melhor sentimento possível."

No pódio, ficou extasiado, com o corpo formigando... "Foi o pódio mais emocionante de toda a minha carreira. Aquele sentimento de frustração ao sair de Londres e agora conseguir esta medalha desta forma. Posso dizer que hoje estou me sentindo o melhor cara do mundo. E agradeço ao meu técnico (Scott Goodrich), que saiu dos Estados Unidos para me treinar em São Paulo, à minha família, que me aguenta, e aos meus patrocinadores, que bancam as minhas 'maluquices'. Quando eu falo que vai dar certo, dá certo", disse.

Cielo citou nominalmente seus patrocinadores - Adidas, Embratel, Correios, Gatorade e Audi - e também a Avanço, que o patrocinou até o fim de 2012, num longo contrato, e ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que bancou sua preparação na temporada. "Na hora da prova sou só eu nadando, mas é muita gente envolvida para eu chegar até aqui e eu só tenho a agradecer às pessoas que acreditam no meu potencial."

Cielo falou para as TVs brasileiras e estrangeiras logo após a competição e respondeu a muitas perguntas sobre o momento mágico que viveu em Barcelona.

Primeiro tricampeão dos 50 m livre

"Eu sei que o Popov (o russo Alexander Popov) tinha cinco medalhas de ouro individuais. Disso eu me lembrava... Sem palavras, mesmo. Para ser sincero, não achei que tivesse ganhado a prova, não sabia o tempo que eu havia feito. Eu estava olhando os dois do meu lado, sabia que estava bem, mas bati na borda e olhei para o placar para ver o lugar que eu tinha chegado - torcendo para que o raia 3 e o raia 4 não tivessem voado. Graças a Deus fiz a melhor prova da série inteira. São essas provas, em que a gente consegue focar mais na nossa raia, na nossa prova, que são as melhores. Às vezes, ficar preocupado com os adversários, como já fiquei, afeta sua própria performance. Hoje, eu olhei para a minha raia e bati na parede. Graças a Deus deu tudo certo. Estou muito feliz mesmo."

Ouro especial após bronze de Londres e cirurgia nos joelhos

"A redenção é uma coisa que traz um sentimento inexplicável. Apesar de não ter sido uma redenção - sexto ano em que subo ao pódio de um Mundial, o terceiro Mundial em que ganho duas medalhas de ouro. Tenho de agradecer a quem me apoiou o tempo inteiro e ao pessoal que torceu: 'Obrigado'. E só dizer que tento fazer o meu melhor o tempo inteiro. Às vezes ganho, às vezes perco, mas pode ter certeza de que toda vez que eu cair na água vai ser no meu 120%, vou dar o máximo para representar o Brasil. E, se Deus quiser, a gente vai ver essa prova em 2016 também."

"Eu passei o ano inteiro com aquele gosto amargo da Olimpíada. Depois da cirurgia nos joelhos, no início, eu estava duvidando de mim mesmo com relação aos primeiros 25 metros. Não sabia como seria essa explosão do bloco. Foi uma surpresa porque achei que o Manaudou fosse levar essa prova. Nem estou sentindo o meu corpo agora - no pódio eu estava formigando inteiro - a adrenalina vai tomando conta. Posso dizer que essa medalha é o momento mais emocionantes da minha carreira."

Sobre os rivais

"Com alguns a gente tem amizade... O Fred Bousquet posso dizer que é meu amigo. O Nathan Adrian e o Anthony Ervin são caras contra os quais eu compito o tempo inteiro - acaba tendo um coleguismo, não chega a ser uma amizade. A gente se respeita, mas aquela pontinha atrás da orelha fica, sim. E eu vou ter de treinar muito, três vezes mais, porque sei que os caras vão vir querendo me matar no ano que vem."

As 11 medalhas de Cielo em Mundiais
8 de ouro, 1 de prata e 2 de bronze

Mundial de Barcelona/2013
Ouro nos 50 m borboleta - 23s01, em 29/7/2013
Ouro nos 50 m livre - 21s32, em 3/8/2013

Mundial de Xangai/2011
Ouro nos 50 m borboleta - 23s10, em 25/7/2011
Ouro nos 50 m livre - 21s52, em 30/7/2011

Mundial de Roma/2009
Ouro nos 50 m livre - 21s08, em 1/8/2009
Ouro nos 100 m livre - 46s91, em 30/7/2009, recorde mundial

Em piscina curta

Mundial de Dubai/2010
Ouro nos 50 m livre - 20s51, em 17/12/2010
Bronze no revezamento 4×100 m - 3min05s74, em 15/12/2010 (Nicholas Santos, Cesar Cielo, Marcelo Chierighini e Nicolas Oliveira)
Ouro nos 100 m livre - 46s74, em 19/12/2010
Bronze no revezamento 4×100 m medley - 3min23s12, em 19/12/2010 (Guilherme Guido, Felipe França, Kaio Márcio e Cesar Cielo)

Mundial de Indianápolis/2004
Prata no revezamento 4x100m livre - 3min12s73, em 7/10/2004 (Cesar Cielo, Thiago Pereira, Christiano Santos e Nicholas Santos)