Valeska, a dona da camisa 10 no Rio de Janeiro Vôlei

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A camisa 10 tradicionalmente pertence a grandes ídolos do esporte. Na equipe do Rio de Janeiro, não é diferente. A dona da número 10 é a campeã olímpica em Pequim/2008 Valeskinha, uma das mais versáteis jogadoras do vôlei brasileiro. Em fase de recuperação de uma cirurgia para reconstrução do tendão patelar do joelho esquerdo, realizada dia 14 de maio, a meio-de-rede, sempre brincalhona, já aposentou as muletas e garante estar "melhor hoje do que ontem".

"Aos poucos, minha vida de atleta vai voltando à rotina. Antes de completar dois meses da cirurgia, o Dr. Ney (Pecegueiro, médico da equipe) me liberou das muletas. Agora faço musculação e fisioterapia, num único período. É o momento de ganhar músculo para que eu consiga sustentar bem o corpo quando voltar à atividade com bola, que ainda não tem data prevista", adianta. "Tudo depende de minha evolução. Hoje estou bem melhor do que ontem. Isso é certo", afirma. Na musculação, Valeskinha conta com a supervisão do preparador físico Marco Antônio Jardim, e, na fisisoterapia, é orientada por Márcio Menezes. "Todo o trabalho está direcionado em função da cirurgia. A melhora é gradativa", acrescenta o fisioterapeuta.

A camisa 10, segundo Valeskinha, é circunstancial. Ela gostava mesmo da 8 - um número que considera "cabalístico, do infinito" -, com a qual sagrou-se campeã olímpica. Porém, em seu retorno ao Rio de Janeiro, na temporada 2010/11, a camisa 8 já tinha dona. "Fiquei, então, com a 10. Já havia jogado com ela. Mas iniciei minha carreira com a 11, aos 12 anos no Botafogo. É muito número...", diverte-se.

Nos últimos 16 anos, Valeskinha só não disputou finais de Superliga quando atuou fora do País - na Itália e na Turquia. Nos clubes brasileiros em que jogou nesse período - além da Unilever, representou o Flamengo e o Osasco - sempre ajudou seu grupo a chegar à decisão. "Isso é bom, né? Avante, Valeskinha", brinca.

Ela chegou à final da última temporada, na qual o Rio conquistou o seu oitavo título, com o status de maior bloqueadora da história da competição. Embora seja mais um momento vitorioso em sua carreira, Valeskinha, que tem apenas 1,80 m e é considerada baixa para a posição de central, de acordo com os padrões atuais do vôlei, minimiza o fato. "Ser a maior bloqueadora é bacana, mas é preciso lembrar que vôlei é um jogo coletivo e não consigo nada sozinha. Fico feliz, sim, de estar ajudando o grupo", destaca.

Aos 37 anos, Valeskinha diz que a cada temporada a motivação é diferente. "Os times não se repetem. Sempre muda a história e isso é motivante. Na temporada passada, não éramos favoritas. Mas crescemos ao longo da competição, contamos com um banco pronto para ajudar o time a qualquer momento", recorda. Ela diz que já pensa na aposentadoria, embora a data não esteja definida. "Acho que vai ser quando eu não vier mais para o treino com alegria, com prazer. Também vou aguardar o que o meu corpo vai dizer. Esse comando é importante", acredita a jogadora, que planeja iniciar, se possível ainda esse ano, a faculdade de jornalismo. "No futuro, quero ser comentarista esportiva".

Em seu currículo, Valeskinha acumula números imponentes. Tem sete títulos da Superliga, quatro deles pela equipe carioca, time que defendeu pela primeira vez em 1997, quando a equipe ainda se chamava Rexona e tinha sede em Curitiba (PR). De volta ao time na temporada 2010/11, está entre as mais experientes do grupo e com o status de ter feito parte da equipe pioneira.

O Rio de Janeiro (atual Unilever) tem a equipe octocampeã da Superliga, a mais vencedora da história da competição. Ganhou em 1997/98, 1999/2000, 2005/2006, 2006/2007, 2007/2008, 2008/2009, 2010/2011, 2012/2013. O time carioca também soma no currículo dez títulos estaduais, os últimos nove consecutivos. A equipe é bicampeã do Top Volley Internacional, na Suíça, tricampeã da Salonpas Cup e atual campeã sul-americana. Em outubro, buscará o título inédito no Campeonato Mundial de clubes, na Suíça.