As atenções da piloto Débora Rodrigues na oitava etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck não vão se voltar apenas a atuar nos treinos e na prova do fim de semana em Guaporé (RS). A titular do caminhão Volkswagen número 7 da MAN Latin America atingirá na corrida deste domingo (13) no Autódromo Nelson Luiz Barro a marca simbólica de anos de sua primeira atuação com um caminhão de corridas da categoria.
Foi no dia 18 de outubro de 1998 que Débora Rodrigues participou da primeira corrida de sua carreira, na pista de Tarumã, em Viamão (RS), inscrita com o caminhão Scania número 77 da equipe Marfran, chefiada pelo também piloto Renato Martins. “No fim das contas, foi naquele fim de semana da corrida de Tarumã que o Renato e eu começamos a namorar. Ou seja, são 15 anos de Fórmula Truck e 15 anos de casamento”, ela destaca.
A chegada de Débora à Fórmula Truck foi decorrência de um quadro humorístico de programa de televisão. “Fui gravar um quadro para o programa do Gugu Liberato. Quem coordenou foi o Otávio Mesquita”, lembra, citando o apresentador que também é piloto de corridas. “A gente distribuiu mulheres de biquíni pela pista toda, os homens ficavam olhando aquelas mulheres bonitas e erravam e saíam da pista, no fim eu ganhava”, conta, entre risos.
A produção do quadro despertou atenção de Débora para as corridas de caminhões. “Ganhei um monte de adesivos dos caminhões e colei alguns no espelho do meu camarim. Um dia uma pessoa viu aquilo e me perguntou sobre as corridas, eu falei que tinha achado interessante e que se houvesse a chance eu pularia lá dentro do caminhão. Um falou com outro, que falou com outro, até que deu certo e o Renato preparou um caminhão para mim”, detalha.
Não demorou para o convívio do fim de semana da estreia virar namoro. “Eu lembro que o Jorge Fleck, piloto da Truck na época, mandou tocar uma música do Roberto Carlos e oferecer para ‘o novo casal da Fórmula Truck’. Até xinguei ele, na base da brincadeira. Depois perguntei a ele por que havia feito aquilo, por que achava aquilo, e ele me respondeu ‘está na cara de vocês dois’, e eu acho que estava mesmo. Deve estar até hoje”, afirma a piloto.
Débora esteve cinco vezes no pódio da F-Truck. A primeira, em 2005, com o quarto lugar em Goiânia. Em 2006, comemorou terceiros lugares nas etapas de Fortaleza e Curitiba – nesta última, esteve no pódio ao lado de Renato Martins, segundo. O casal voltou junto ao pódio em 2008, em Guaporé, com Renato em quarto e Débora – que voltava a correr depois da gravidez – em quinto. Ela repetiu esse resultado em Cascavel, em 2012.
A TORCIDA
O pódio em Goiânia, onde extravasou depois da corrida com pulos sobre o teto da cabine de seu caminhão, é apontado por Débora Rodrigues como um de seus momentos mais marcantes na categoria. “É aquela história, o primeiro pódio a gente não esquece”, ela brinca. “Mas o que marcou para mim, mesmo, foi a grande identificação que consegui criar com o público, o carinho da torcida é uma das coisas mais legais da minha vida”, acrescenta.
Ao comentar a abordagem de seus torcedores, Débora Rodrigues passa a enumerar episódios. De um deles, lembra de forma especial. “Foi na etapa de Brasília, em 2003. O Renato estava em primeiro na corrida e eu em segundo, o meu caminhão estava ótimo, eu sentia que tinha condição de me aproximar, de passar o Renato. Só que assumi um ritmo tão alucinado para isso que acabei cometendo um erro e batendo na entrada da reta”, descreve.
O caminhão de Débora rodou e parou do lado interno da pista. “Eles Me levaram para exames num ambulatório onde as janelas só tinham vidros, sem cortinas. Muita, muita gente, foi lá saber se eu estava bem, todos gritavam que iam quebrar o box do piloto que estava atrás de mim na pista quando rodei, achavam que era culpa dele. Precisei levantar da maca e ir lá fora dizer ‘gente, ninguém me bateu, eu errei sozinha’. Nunca esqueço disso”, diz.
Para Débora, a chegada à Fórmula Truck foi um marco de vida. “Foi a fase em que passei a ter um foco bem mais definido. E não é para menos, são 15 anos. É uma história que ainda vai ter muita coisa. Nunca pensei em até quando vai durar. Enquanto houver saúde, disposição e competitividade, eu continuo”, diz. “E se fosse para passar por tudo de novo, passaria com o maior gosto. Só mudaria uma coisa: não ia rodar naquela corrida em Brasília”.