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Agnelo visita fábrica que produz cobertura do Estádio Nacional

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Os cerca de 90 mil metros quadrados da membrana que cobrirá o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha chegam ao Brasil em novembro. O material está em fase de corte e soldagem na fábrica do grupo Tayo Kogyo, em Mizuho, cidade localizada a 600km ao sudoeste de Tóquio, entre Quioto e Osaka, no Japão. Um teste de resistência foi realizado na manhã da sexta-feira na presença do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e da delegação brasiliense que o acompanha em missão oficial à Ásia.

Feita de uma mistura à base de teflon e fibra de vidro, a membrana é forte como o aço. Posta numa máquina de tração e puxada de ponta a ponta, uma pequena tira de 4cm de largura suportou 4 mil newtons de força antes de ceder e se esgarçar. Isso significa que a membrana da cobertura aguentaria, sem traumas, um peso de 400 kg e, ainda assim, manteria intactas suas qualidades técnicas.

"O mais importante de tudo é que o projeto do nosso estádio cobrirá todas as arquibancadas, de forma que o torcedor ficará protegido do sol e do calor", disse o governador Agnelo Queiroz, em visita à fábrica.

Além de resistente, a membrana reflete os raios ultra-violeta e retém 15% da luz amarela. Dessa forma, a cobertura irá ao mesmo tempo conter o calor e permitir a passagem de luz natural para os espetáculos realizados no estádio, sem exposição aos efeitos nocivos da luz solar.

Durante a visita da delegação brasiliense à fábrica, o gerente de desenvolvimento de sistemas da Tayo Kogyo, Hidenari Matsumoto, explicou como funciona o sistema de autolimpeza da estrutura. "A membrana é feita com dióxido de titânio, que é o diferencial desse produto."

Desenvolvida em conjunto com a Universidade de Tóquio, a técnica de utilização do dióxido de titânio libera moléculas de dióxido de oxigênio quando a membrana é exposta ao sol – o processo chama-se fotocatálise. Essas moléculas dissolvem a poeira, e o produto é varrido pelas águas da chuva. "Sabemos que o clima de Brasília contém seis meses de seca, mas a limpeza virá com as primeiras chuvas", disse o técnico da empresa.

Outra propriedade especial da membrana, em função do processo de fotocatálise, é que, quando em contato com o sol, ela é capaz de retirar da atmosfera gases poluentes equivalentes ao produzido por cerca de 100 veículos, a cada hora.

O projeto do Estádio Nacional será o maior do mundo para uma arena futebolística. A membrana será cortada e soldada em 48 painéis simétricos, a serem instalados em duas camadas, formando um triângulo a partir da base de concreto do anel de compressão. Para tanto, precisará ser tensionada por um sistema de cabos de aço e treliças, que formam uma espécie de forma por entre a qual a membrana se estenderá.

Depois, uma terceira camada será aplicada fechando o terceiro vértice do triângulo, que fica, dessa forma, com a ponta presa no anel e a base voltada para o campo de jogo. O desenho cobre toda a arquibancada. "Chova ou faça sol, todos os torcedores estarão protegidos no Estádio Nacional", explicou Agnelo Queiroz.

Durante o teste de resistência, os técnicos da Tayo Kogyo fizeram uma demonstração do que acontece com o material quando ele é dobrado: a resistência reduz em 70% e a membrana se parte. "Por isso, o processo requer tanta engenharia. As soldas devem ter precisão no plano milimétrico, o transporte precisa ser feito sem que nenhuma parte dos painéis se dobre e o mesmo acontece com a instalação", explicou o gerente da empresa.

A missão internacional liderada pelo governador Agnelo Queiroz chega ao fim neste sábado (6/10). A delegação visitará duas construções em que o mesmo tipo de membrana foi usado em coberturas, na cidade Osaka. A ideia é aferir o pouco desgaste do material e suas propriedades de auto-limpeza. O governador do DF chega ao Brasil no domingo (7/10).