Antigamente - isso, só há uns quinze anos - não existia internet com a velocidade atual (2012), pouco se sabia de photoshop, pouco se entendia de fotografia digital (era tudo... na base do rolo de filme), não existia wireless (isso é internet sem fio), não existia notebook, não existia ipod, não existia facebook, não existia orkut, não existia twitter, não existia stream (isso é enviar dados ao vivo – som ou imagem). Nessa época era preciso perguntar para um especialista o que era o tal de download.
Naquele mesmo tempo (repito, apenas 15 anos atrás) - existia um tijolo que a gente chamava de telefone celular, um bloco duplo de concreto que a gente chamava de computador, gravação para rádio era quase totalmente na base da fita K7, disket era a tábua se salvação, cd e dvd nem existiam e fita VHS era o top. As filmadoras eram todas na base da fita, os editores de video tinham uma sala enorme só para eles, os microfones eram na base do cabo. Para se fazer uma transmissão ao vivo de futebol ou automobilismo, uma equipe meia-boca tinha que levar pelo menos quatrocentos metros de fio, maletas de transmissão, microfones pesadíssimos, fones de ouvido infernais e uma parafernalha que vocês não acreditariam, tudo para dar manutenção caso precisasse (e sempre precisava).
Era necessário reservar com pelo menos 48 de antecedência junto às companhias telefônicas, aquilo que eles chamavam de LINHA DE TRANSMISSÃO - uma linha telefônica exclusiva para o seu evento e isso saía o olho da cara na hora de pagar.
O primeiro celular da minha cidade - Curitiba / PR – fui eu quem adquiri, em 1994 se não me engano, mas, não se anime porque foi de segunda mão (eu não entendi porque a mulher queria tanto se desfazer do tal telefone, mas já-já vocês vão entender o porquê). Pois bem, foi o máximo adquirir e então saía pela rua tranquilo e vejam só, na época, custou o olho da cara o tal celular, um tijolão na verdade, mas, eis que consegui um contrato legal através dele e imaginei – valeu a pena adquirir – nossa e como valeu! Um contrato que equivaleria hoje a uns digamos R$ 2.600,00 todo santo mês. Pode não parecer muito, mas já era um bom começo, só que a tortura começou apenas trinta dias depois, quando chegou a conta do tal celular: R$ 2.750,00 hehe. Onde quero chegar com isso? Dizer que hoje em dia é tão fácil comprar um telefone celular quanto comprar um refrigerante na farmácia – a conta telefônica então, nem se fala, uma moleza - e, mesmo assim, as informações no meio jornalístico parecem estar cada vez mais escassas, demoradas e distantes.
Antes, os assessores de imprensa eram um livro aberto, hoje, parecem um cofre moldado a fibra de carbono. Antes, para conseguir notícias, bastava passar o seu email ou telefone comercial, fax e você recebia tudo – se o cliente dele tivesse escorregado e se ferido, em instantes você saberia. Nem conhecer o assessor pessoalmente era necessário.
Hoje, antes do assessor enviar algo oficial, o tio Zé, a tia Joana, o filho do filho do filho já fez um video e colocou na internet ou tirou uma foto e postou no facebook, orkut, sei lá onde mais. Mas o bendito do assessor ainda não mandou nada, nem uma frasezinha sequer no twitter pelo menos.
Eu não sei se o mundo mudou e eu ainda não percebi ou se estou ficando velho e também não notei. Bem, isso é uma coisa natural e claro que estou mais velho, mas, pelo amor de Deus, nem tanto. Hoje, todo dia eu preciso ver no facebook postagens do tipo.. Eu me vejo assim, minha mãe me vê assim, os outros me vêem assim, mas sou assim!
Esse texto está ficando tão longo que já nem sei onde queria chegar, mas, enfim, vamos lá. Nem corrigir eu vou porque não dá, to sem paciência hoje. O que quero dizer é que já estou ficando enjoado de sentir fome de notícia e não ser saciado. Tudo bem, pode rir porque eu também estou rindo muito aqui. Eu conheci assessores de imprensa que mesmo sem wirelless, sem celular e só uma caneta ou uma máquina datilográfica, fizeram o mundo receber a notícia mais rápido do que o melhor dos assessores de hoje em dia, que têm tudo na mão. Essas horas eu penso: “Onde estão os caras que têm asas?”
É, eu entendo o que você deve estar pensando. Poxa, hoje o Cesar está zangado, acordou com o pé esquerdo ou sei la, tá maluco” rs. Não, também não estou querendo ofender ninguém ou dizer que o que existe hoje em dia é pior. Pode ser até melhor, mas o que estou dizendo aqui é que o tempo passou, as coisas melhoraram, mas, quando penso em assessor de imprensa sempre imagino uma metralhadora última geração; so que o que vejo mesmo é uma garrucha 22 sempre emperrada.
Falta agilidade com tanta agilidade, falta informação com tanta informação, falta foto, falta video, falta texto, falta tudo. Hoje em dia, quando recebemos um release precisamos estourar os fogos e fazer a maior festa. Antes, recebíamos de cada assessor, 10, 15 releases por dia, cada um com um assunto diferente, uma abordagem diferente. Um assessor prestava assessoria muitas vezes para dez pessoas diferentes e nossas caixas de email viviam cheias com textos maravilhosos e fotos opcionais de fotógrafos que muito provavelmente ainda estavam descobrindo a tecnologia digital.
Atualmente, existe um assessor para cada personalidade, é como se estivesse na moda o personal-assessor, mas, no entanto, você não vê um release chegando na sua caixa de email – nem eu, nem ninguem. Está mais fácil conseguir uma foto com o visinho do artista ou atleta do que com o assessor.
Se você pede algo especial, pode esperar sentado. Se pede algo corriqueiro, sente e espere que já-já chega, em poucas horas, quem sabe dias. Ai ai... eu não sei se estou ficando chato ou se os outros que estão chatos demais. Por favor, me ajudem a entender essa cachaça.
Por favor, comente.