O Distrito Federal superou nesta semana o recorde histórico em transplantes de coração. Em apenas nove meses, o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) realizou 13 procedimentos, dois a mais que o recorde anual.
“Esta é a demonstração prática de que estamos recuperando o serviço público. Quando assumi, esse setor estava um caos. O transplante de rim tinha perdido o credenciamento no Ministério da Saúde, e o de fígado não era feito há anos”, destacou o governador Agnelo Queiroz. “Para mudar esse quadro, investimos na infraestrutura da Central de Captação de Órgãos”, completou.
Transplantes – O ICDF fez dois transplantes na madrugada de quarta-feira (12), um de coração e outro de fígado, e, na quinta-feira (13), repetiu o feito. Os procedimentos ocorreram sem complicações.
Os órgãos para o transplante de hoje vieram de Campo Grande (MS) graças à integração entre os estados e à participação do Corpo de Bombeiros do DF, que conduziu de helicóptero o coração do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek até o instituto.
O doador tinha 45 anos e faleceu após acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico na madrugada de quarta-feira. O coração saiu de Campo Grande às 5h45, chegou a Brasília às 7h48 e, às 8h, estava no ICDF. O transplante terminou por volta de meio-dia.
Isquemia – O órgão possui um tempo de isquemia – período entre a retirada e o implante – de apenas quatro horas. Por isso, foi transportado emergencialmente e antes do fígado. Este, que resiste até 12 horas antes de ser transplantado, chegou a Brasília às 10h30. Em apenas 15 minutos estava no Instituto de Cardiologia e, às 15h, transplantado no receptor. Neste ano, o instituto já realizou 23 transplantes de fígado no DF e chegará a 24 esta noite.
Com a doação, duas pessoas foram salvas. Uma mulher de 46 anos, moradora de Goiânia (GO), recebeu o coração e sofria de miocardiopatia dilatada – quando o órgão fica inchado. Ela estava na fila de espera há dois anos, até ser transferida para Brasília. O segundo, um homem de 62 anos, mora na capital federal e recebeu o fígado. Ele tinha cirrose, também chamada de vírus C, e aguardou somente 15 dias pelo órgão.
Segundo o chefe da Unidade de Transplantes do ICDF, Fernando Atik, os mais recentes procedimentos e o recorde colocam o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal entre os três primeiros centros de transplante do país especializados em coração. “Isso mostra que estamos com um volume crescente de transplantes no instituto e em Brasília. Fizemos duas cirurgias de coração em dois dias seguidos, provando o quanto esse número cresce progressivamente”, afirmou o médico.
Referência – Fazer de Brasília núcleo de referência em transplantes de órgãos é uma das metas da atual gestão. Por isso, o governo investe na infraestrutura do setor. Em novembro do ano passado, o DF foi credenciado para realizar cirurgias de fígado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Os resultados dessa política já começaram a despontar. Um levantamento da Central de Captação de Órgãos revelou que, no primeiro semestre deste ano, foram realizados 331 procedimentos, enquanto no mesmo período de 2011 o total foi de 189. Os dados se referem a transplantes de rim, coração, córnea e fígado.
Ainda no primeiro semestre deste ano, a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos apontou o DF como primeiro colocado no ranking nacional de transplantes de coração e o segundo na de córneas, em números proporcionais. De janeiro a junho deste ano, foram realizados 17 transplantes de fígado e nove de coração, contra apenas cinco no mesmo período de 2011.
Em alguns casos, como no transplante renal, houve aumento acima de 100% nos transplantes. No primeiro semestre do ano passado, foram realizadas 23 cirurgias renais, enquanto que em 2012 elas totalizam, até hoje, 50. O número de cirurgias de córnea também registrou um grande crescimento: de 161 em 2011, subiu para 255 em 2012.