Os 34 graus de temperatura no Indianapolis Motor Speedway reservaram, de fato, uma corrida quente na 96ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. A prova deste ano bateu o recorde de mudanças na liderança, com 39 trocas, superando o maior índice anterior, que era de 30, na corrida de 1960. E o vencedor só foi conhecido a uma volta do final. Dario Franchitti, escocês da Ganassi-Honda, venceu pela terceira vez a mais tradicional corrida do automobilismo norte-americano - venceu em 2007 e 2010.
E a vitória veio com dobradinha da Ganassi. Scott Dixon terminou em segundo lugar, e Tony Kanaan, que liderou a corrida até a última relargada, chegou em terceiro com o carro da KV Racing Technology, tendo sido o primeiro entre os bólidos equipados com motores Chevrolet. Oriol Servia, da Panther, largou da 27ª posição para terminar em um excelente quarto lugar.
O pole position Ryan Briscoe, da Penske, terminou a prova na quinta colocação, seguido por James Hinchcliffe, da Andretti, Justin Wilson, da Dale Coyne, Charlie Kimball, da Ganassi, e Helio Castroneves, da Penske, fechando os dez primeiros. Rubens Barrichello fez sua estreia em ovais em grande estilo, e terminou em 11º - o primeiro entre os estreantes. Bia Figueiredo enfrentou problemas, rodou durante a prova, mas conseguiu voltar para terminar em 23º lugar, a dez voltas do vencedor.
A CORRIDA
Com uma largada limpa e sem incidentes, os pilotos começaram em ritmo forte. Na frente, Ryan Briscoe, James Hinchcliffe e Marco Andretti se revezavam na liderança. Tony Kanaan subia à quinta posição, com Helio Castroneves em sexto, Rubens Barrichello em 14º e Bia Figueiredo em 18º na quinta volta.
Na 11ª volta, a direção de prova deu bandeira preta para os carros de Simona de Silvestro e Jean Alesi, os dois únicos com motores Lotus, por andarem com tempos de volta 105% piores que o do líder. Fim de prova para a suíça e o francês.
A primeira das oito bandeiras amarelas da corrida veio na volta 14, com a rodada de Bryan Clauson na curva 2. O piloto, no entanto, não chegou a bater no muro. No giro seguinte, começou a primeira rodada de pit stops. Com tantos carros na área de boxes, EJ Viso acabou batendo na traseira do carro de Franchitti, que praticamente entrou com o carro virado ao contrário em sua área de pit. O escocês teve que trocar o bico do carro para voltar à prova.
A relargada veio na volta 19 e se seguiu a briga pela ponta entre Briscoe, Hinchcliffe e Andretti por vários giros. O filho de Michael Andretti chegou a abrir liderança confortável na volta 44, com mais de quatro segundos na frente de Briscoe. Na 45, Hinchcliffe foi para os boxes abrindo a segunda rodada de pit stops.
Com o primeiro quarto de corrida concluído, Andretti liderava a corrida, seguido de Hinchcliffe, Briscoe e Takuma Sato. Entre os brasileiros, Tony Kanaan era o sexto, Castroneves o 12º, Barrichello 16º e Bia Figueiredo a 20ª colocada.
Na volta 61, Bobby Rahal, chefe da Rahal/Letterman/Lanigan, pede via rádio para que Takuma Sato controle o ímpeto. O japonês vinha forte buscando a terceira posição em cima de Briscoe. Na 64, iniciou-se a terceira rodada de paradas. Bia e Tony fizeram regulagens na asa de seus carros. Barrichello fez sua terceira parada na volta 74.
Na volta 78, Mike Conway fazia sua parada de maneira desastrosa: ao parar o carro, derrubou dois mecânicos, quebrando parte da asa dianteira do lado esquerdo do carro. Isso, na volta à pista, causou instabilidade e no giro seguinte o inglês acertou o muro da curva 2, levando Will Power consigo - o australiano líder do campeonato não conseguiu desviar. Foi a segunda bandeira amarela da prova.
Na volta 88 veio a relargada, mas a bandeira verde durou pouco. No giro seguinte, Bia Figueiredo rodou entre as curvas 1 e 2 e bateu de traseira no muro. A batida, no entanto, não foi forte o suficiente, e apesar de fazer a brasileira perder bastante tempo, a piloto da Andretti conseguiu voltar à prova. Com isso, o pelotão todo aproveitou para ir aos boxes para abastecer e trocar pneus.
Com bandeira verde, a metade da corrida tinha Scott Dixon em primeiro, Dario Franchitti em segundo, Ryan Hunter-Reay em terceiro, Graham Rahal em quarto, e Takuma Sato em quinto. Kimball, Hildebrand, James Jakes, Townsend Bell, Marco Andretti, Helio Castroneves, Kanaan, Carpenter, Briscoe, Barrichello, Hinchcliffe, Pagenaud, Michel Jourdain Jr e Alex Tagliani eram os 20 primeiros.
Hunter-Reay abandonou a corrida com problemas mecânicos na volta 124. O giro seguinte teve Rubens Barrichello em sua única volta liderada nas 500 Milhas - brasileiro parou nos boxes na volta seguinte, com Tony Kanaan em terceiro lugar.
Na volta 129 Takuma Sato alcançou a liderança, com Franchitti em segundo, seguido de Dixon, Andretti e Rahal. A bandeira amarela foi acionada novamente na volta 146, com o carro do colombiano Sebastian Saavedra parado na saída dos boxes. Isso levou vários carros a fazer nova parada para reabastecimento e troca de pneus.
Com três quartos de corrida concluídos, a relargada foi dada na 153. Franchitti passou Sato e assumiu a liderança, com Dixon também ultrapassando o japonês. Os três primeiros imprimiam forte ritmo, enquanto os dois carros da Ganassi faziam jogo de vácuo se revezando na liderança.
Faltando 37 voltas para o final, Josef Newgarden parou seu carro com problemas mecânicos no gramado e causou nova bandeira amarela. A relargada aconteceu na volta 170, em ritmo fortíssimo e briga boa no pelotão da frente com Franchitti, Dixon, Sato, Justin Wilson, Tony Kanaan e Ed Carpenter.
Dez voltas depois, foi a vez de Ed Carpenter, então quarto colocado, causar nova bandeira amarela. O norte-americano rodou na curva 1, conseguiu não bater no muro e voltou aos boxes para retornar a corrida. A rodada aconteceu exatamente na frente de Tony Kanaan, e Ryan Briscoe, que vinha atrás do brasileiro, passou muito perto de bater no carro de Carpenter.
A relargada aconteceu na 184ª das 200 voltas, e Tony Kanaan deu salto sensacional ao assumir a liderança da corrida. Em ritmo fortíssimo, Franchitti passou o brasileiro na volta seguinte, mas Kanaan deu o troco dois giros depois, exatamente quando Marco Andretti perdia o controle do carro na curva 1 e estampava o muro de Indianápolis.
Nova bandeira amarela, e com Kanaan em primeiro a 13 voltas do final. O piloto da KV Racing pintava como um dos favoritos a vencer a corrida. Atrás dele estavam Franchitti, Dixon, Briscoe, Wilson, Hinchcliffe, Sato, Servia, Barrichello e Townsend Bell fechando os dez primeiros.
Na relargada, Sato ganhou quatro posições e foi para terceiro, jogando Tony Kanaan para a quarta colocação. Nas voltas seguintes, Franchitti e Dixon seguiram se revezando na liderança, e o escocês tomou a primeira posição do companheiro de equipe a duas voltas do final. Takuma Sato surpreendia e ultrapassava Scott Dixon para ser o segundo colocado.
Na abertura da última volta, Sato colocou por dentro de Franchitti na entrada da curva 1. O escocês não aliviou nem deu espaço, e o japonês perdeu o controle do carro, acertando o muro de frente. Fim de corrida para Sato, que tentava sua primeira vitória na Fórmula Indy e escreveria seu nome na história como o primeiro japonês a vencer as 500 Milhas (mesmo assim, foi o primeiro de seu país a liderar a prova).
A bandeira amarela veio somente para consolidar o resultado, com Dario Franchitti em primeiro, Scott Dixon em segundo lugar e Tony Kanaan em terceiro.
Ao final, todas as honrarias e o litro de leite (mais 1 milhão de dólares) ao vencedor, que fez questão de homenagear Dan Wheldon, que venceu a edição passada e morreu na corrida final da temporada 2011 no acidente da corrida Las Vegas.
A sexta etapa da Fórmula Indy acontece no dia 3 de junho (próximo domingo), no GP de Detroit, em circuito de rua.
Resultado final das 500 Milhas de Indianápolis:
1º. Dario Franchitti (ESC/Chip Ganassi-Honda), 200 voltas
2º. Scott Dixon (NZL/Chip Ganassi-Honda), a 0s0295
3º. Tony Kanaan (BRA/KV-Chevrolet), a 0s0677
4º. Oriol Servià (ESP/Panther DDR-Chevrolet), a 2s9166
5º. Ryan Briscoe (AUS/Penske-Chevrolet), a 3s6721
6º. James Hinchcliffe (CAN/Andretti-Chevrolet), a 4s0962
7º. Justin Wilson (ING/Dale Coyne-Honda), a 4s2430
8º. Charlie Kimball (EUA/Chip Ganassi-Honda), a 4s6056
9º. Townsend Bell (EUA/Schmidt Hamilton-Honda), a 5s6168
10º. Hélio Castroneves (BRA/Penske-Chevrolet), a 7s6352
11º. Rubens Barrichello (BRA/KV-Chevrolet), a 7s9240
12º. Alex Tagliani (CAN/BHA-Honda), a 8s2543
13º. Graham Rahal (EUA/Chip Ganassi-Honda), a 8s7539
14º. J. R. Hildebrand (EUA/Panther-Chevrolet), a 11s3423
15º. James Jakes (ING/Dale Coyne-Honda), a 13s4494
16º. Simon Pagenaud (FRA/Schmidt Hamilton-Honda), a 14s1382
17º. Takuma Sato (JAP/Rahal Letterman-Honda), a 1 volta
18º. Ernesto Viso (VEN/KV-Chevrolet), a 1 volta
19º. Michel Jourdain Jr. (MEX/Rahal Letterman-Honda), a 1 volta
20º. Sébastien Bourdais (FRA/Dragon-Chevrolet), a 1 volta
21º. Ed Carpenter (EUA/Carpenter-Chevrolet), a 1 volta
22º. Katherine Legge (ING/Dragon-Chevrolet), a 1 volta
23º. Bia Figueiredo (BRA/AFS Andretti-Chevrolet), a 10 voltas
Não completaram:
Marco Andretti (EUA/Andretti-Chevrolet) - acidente
Josef Newgarden (EUA/Fisher Hartman-Honda) - mecânico
Sebastián Saavedra (COL/AFS Andretti-Chevrolet) - mecânico
Ryan Hunter-Reay (EUA/Andretti-Chevrolet) - mecânico
Will Power (AUS/Penske-Chevrolet) - acidente
Mike Conway (ING/A. J. Foyt-Honda) - acidente
Bryan Clauson (EUA/Fisher Hartman-Honda) - mecânico
Wade Cunningham (NZL/A. J. Foyt-Honda) - mecânico
Jean Alesi (FRA/Fan Force-Lotus) - bandeira preta
Simona de Silvestro (SUI/Fan Force-Lotus) - bandeira preta