O Palácio do Planalto confirmou na noite da quinta-feira (04/08) a saída do ministro da Defesa, Nelson Jobim. O ministro, que estava em Tabatinga (AM), na fronteira do Brasil com a Colômbia, teve que antecipar o retorno a Brasília, chamado pela presidenta Dilma Rousseff. A ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, informou que o ex-chanceler do governo Lula, Celso Amorim, vai ser o novo ministro da Defesa.
A situação de Jobim se deteriorou depois que foram divulgados trechos de uma entrevista dele à revista Piauí, que circula amanhã (5), com críticas ao governo e, em especial, à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Na entrevista, Jobim disse que Ideli é uma ministra “muito fraquinha” e que Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, "não conhece Brasília". Não foi a primeira vez que Jobim causou desconforto à presidenta Dilma. Na semana passada, o ex-ministro revelou que, na última eleição presidencial, votou em José Serra por razões pessoais.
A reunião entre Jobim e Dilma durou menos de cinco minutos, segundo assessoria do Planalto. Em sete meses de governo, Jobim é o terceiro ministro a deixar o governo. O primeiro a sair foi Antonio Palocci, que deixou o cargo em meio a suspeitas de tráfico de influência. Também afastado por suspeita de corrupção, o ministro Alfredo Nascimento saiu do Ministério dos Transportes no mês passado.
Dilma também alterou a articulação política do governo, remanejando o ministro Luiz Sérgio para a Secretaria da Pesca e levou a ministra Ideli para a Secretaria de Relações Institucionais.
Pela manhã, Dilma se reuniu com as ministras Ideli, Gleisi, e Helena, além do ministro Gilberto Carvalho para tratar da demissão de Jobim. A conclusão dessa reunião teria sido pela demissão.
Dilma pediu um exemplar da revista e, somente depois de ler a íntegra da entrevista decidiu ligar para o ministro e avisá-lo sobre a demissão. A pedido de Dilma, Jobim, que estava em Tabatinga (AM), fronteira com a Colômbia, antecipou seu retorno à Brasília.
Nelson Jobim deixou o Ministério da Defesa pouco mais de quatro anos após ter assumido o posto. Ele foi convidado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a substituir o então ministro Waldir Pires, em julho de 2007, quando o governo enfrentava o caos aéreo.
Filiado ao PMDB, Jobim foi presidente do Supremo Tribunal Federal (2004-2006) e ex-ministro da Justiça do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1997). Tem prestígio com os militares por sua postura conciliadora e em defesa das tropas.
O ex-ministro foi contrário à criação da Comissão da Verdade, proposta contida no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) que tem o objetivo de investigar os crimes ocorridos durante a ditadura militar. Essa posição ocasionou mal-estar com colegas de governo, mas serviu para reforçar seu prestígio com os militares.