Diante de 400 empresários, investidores e autoridades, o governador Agnelo Queiroz assinou na manhã da quarta-feira (3/10), em Cingapura, o contrato para que a Jurong Consultants faça o planejamento estratégico do Distrito Federal para os próximos 50 anos – o projeto Brasília 2060. "Hoje é um dia histórico. Estamos pensando o futuro da nossa cidade, preparando o caminho para que ela se torne uma das cinco melhores do mundo para se viver", disse o governador.
A assinatura do contrato entre o GDF e a Jurong Consultants aconteceu na abertura do Latsia 2012, fórum anual de negócios envolvendo América Latina e Ásia. Outras três delegações brasileiras estavam presentes no evento – os governos de Minas Gerais e Rio de Janeiro e uma comitiva do Ministério da Defesa.
O embaixador brasileiro em Cingapura, Luís Fernando Serra, comemorou a coincidência de datas entre o evento e a assinatura do contrato. "Neste ano que estou aqui, acompanhei seis governadores brasileiros em Cingapura, mas até então ninguém havia conseguido tanta visibilidade quanto a que o governador Agnelo Queiroz conseguiu hoje", declarou. "JK construiu Brasília pensando em fazer o Brasil avançar 50 anos em 5. Agora, o governo Agnelo pensará Brasília para os próximos 50 anos", disse o deputado Israel Batista, membro da delegação do DF.
Emoldurada pelo Latsia 2012, a contratação dos cingapurianos pelo GDF acabou sendo aplaudida pelo ministro da Indústria e Comércio local, Lim Hng Kiang; pelo presidente da antiga Comissão Andina de Fomento (CAF, hoje rebatizada de Banco de Desenvolvimento da América Latina), Enrique García; e por Eric Farnsworth, vice-presidente do Conselho das Américas. Todos estavam presentes no auditório do Hotel Fairmount, onde Lim, pelo lado cingapuriano, e Israel Batista, pelo DF, serviram de testemunhas do negócio.
O contrato será executado a partir da próxima semana, quando está programada a primeira visita oficial dos técnicos da Jurong a Brasília. Pelos próximos 24 meses, eles levantarão todas as características topográficas, sociais e econômicas de cada recanto do DF. Produzirão relatórios e estudos e, por fim, entregarão o planejamento estratégico detalhado, o que está previsto para abril de 2014. Pelo serviço, o GDF pagará US$ 4,25 milhões.
No início de setembro, uma equipe precursora da Jurong esteve em Brasília, sobrevoou a cidade e recebeu as primeiras informações a respeito das várias ações do governo. "Vários dos nossos problemas, da segurança aos transportes, derivam do fato de a riqueza estar concentrada territorialmente no Plano Piloto e na região dos lagos. Precisamos distribuí-la por todas as áreas do Distrito Federal", explicou o governador.
Para tanto, o planejamento estratégico criará uma espinha dorsal que integrará quatro grandes eixos: a cidade-aeroportuária, inicialmente programada para ser instalada nas proximidades de Planaltina; o polo logístico, entre Samambaia e o Recanto das Emas; o centro financeiro internacional, próximo a São Sebastião; e a ampliação do Polo JK, em Santa Maria, saída para Luziânia. A Cidade Digital, na região do Torto, não entrou na lista porque já está em processo mais avançado de realização – mas será considerada como corredor de desenvolvimento no projeto final.
Bairros-parque – Em cada um desses locais será planejado um conceito de bairro-parque, em que as pessoas moram, trabalham, estudam e, sobretudo, se divertem. Tudo construído segundo ideias arquitetônicas próprias. A delegação do DF teve a chance de conhecer in loco aquilo do que se está falando, ao visitar, na última segunda-feira, o complexo One North Park, conjunto de quatro grandes bairros planejados pela Jurong em Cingapura.
A empresa detém no portfólio mais de 1,7 mil projetos semelhantes pelo mundo, muitos deles feitos na China – o que explica em parte o frenético ritmo de crescimento econômico chinês.
Para o embaixador Luís Fernando Serra, tão importante quanto o serviço em si será o que ele pode render em termos de investimentos. "A Jurong imprime um selo de qualidade mundial em seus projetos, e isso acaba fazendo com que muitos investidores se sintam confortáveis em participar só pelo fato de eles estarem envolvidos."
Em Minas Gerais, onde a consultoria do governo de Cingapura planejou o corredor entre Belo Horizonte e o aeroporto de Confins, os investimentos diretos estrangeiros saíram de zero para R$ 4 bilhões em três anos e meio.
Atuação conjunta com asiáticos – Minutos antes de contratar a Jurong Consultants para fazer o planejamento estratégico do Distrito Federal, o governador Agnelo Queiroz firmou uma parceria com o governo de Cingapura para, entre outras coisas, treinar gratuitamente gestores públicos brasilienses. Inicialmente, uma equipe de 20 servidores do GDF será recrutada para viajar à Ásia e receber cursos de gestão e planejamento.
"Como estamos fazendo um plano de longo prazo, precisamos que funcionários públicos detenham conhecimento para executar as diretrizes, para elaborar os projetos junto com os cingapurianos e para treinar futuras gerações de servidores com as mesmas normas de excelência em gestão e planejamento", considerou o governador.
O Distrito Federal e Cingapura assinaram documento para formalizar a parceria com a IE Singapore, empresa de relações internacionais também ligada ao Ministério da Indústria e Comércio. "Além do treinamento dos nossos servidores, o memorando com a IE nos possibilitará realizar eventos no exterior e fazer contatos com investidores, tudo com apoio deles", declarou Odilon Frazão, chefe da Assessoria Internacional do GDF.
O início - O secretário de Assuntos Estratégicos, Newton Lins, que recebeu, em março de 2011, a primeira missão de representantes de Cingapura em Brasília, comemorou a iniciativa do governador Agnelo Queiroz.
A missão em Cingapura, realizada no ano passado pela Secretaria de Estado de Assuntos Estratégicos (Seae) com a colaboração do então secretário-coordenador de Assuntos Internacionais, Salviano Guimarães, atendeu o interesse do GDF em importar conhecimentos de um território que é ainda mais novo do que Brasília. Com apenas 47 anos, a cidade asiática constitui um dos polos mais modernos do mundo e associa alta tecnologia, sustentabilidade e competitividade. “É tudo o que Brasília precisa para gerar emprego sem comprometer o meio ambiente e a qualidade de vida da população do Distrito Federal”, enfatizou Lins.