O Ministério do Interior egípcio anunciou na quinta-feira (15/08) que a polícia está autorizada a usar munições verdadeiras quando os manifestantes atacarem bens públicos ou as forças da ordem. O anúncio foi feito após manifestantes islâmicos atearem fogo a um edifício governamental na cidade do Cairo e depois de a polícia e o Exército terem dispersado apoiadores do presidente deposto Mohamed Mursi.
Também nesta quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o cancelamento dos exercícios militares no Egito para protestar contra a morte de centenas de manifestantes. Os exercícios militares também foram cancelados em 2011, no auge da revolta no Egito que derrubou o antigo ditador Hosni Mubarak, um aliado próximo dos EUA.
O presidente dos EUA disse que o seu país não está do lado de nenhuma força política egípcia e defendeu o cancelamento do estado de emergência decretado pelo governo egípcio e o arranque do processo de reconciliação nacional.
França, Grã-Bretanha e Austrália, em conjunto, solicitaram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para discutir o massacre no Egito, segundo diplomatas. O encontro, a portas fechadas, pode ocorrer até esta noite.
A onda de violência no Egito causou a morte de 525 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde, e a situação motivou um apelo do papa Francisco à “paz, ao diálogo e à reconciliação”. Os mais de 500 mortos incluem 202 manifestantes do campo de Rabaa Al Adawiya, no Cairo, e 43 agentes policiais por todo o país, disse fonte oficial do ministério.
A violência no Egito foi desencadeada quando, na quarta-feira (14), as forças de segurança invadiram acampamentos de protesto pró-Morsi, o presidente destituído e detido pelo exército no dia 3 de julho.