A sensação de insegurança mudou a rotina da maioria das pessoas que estavam em Fortaleza na terça-feira (3/1). Muitos turistas deixaram as praias mais cedo, órgãos públicos, restaurantes, shoppings e supermercados fecharam no meio da tarde. Um hotel de luxo na orla da praia chegou a fazer um cercado na calçada com tapumes de madeira para controlar a entrada.
Cinco dias depois do início da greve geral dos policiais militares e bombeiros do Ceará, boatos e ameaças reais aumentaram a sensação de medo da população, que teve que mudar de hábitos. A advogada Larissa Negreiros, de 25 anos, disse que em uma avenida normalmente muito movimentada de Fortaleza um carro bateu forte na traseira do seu. Quando parou seu veículo, pelo menos três homens armados a renderam e aos outros três ocupantes e levaram carteiras e o automóvel. “Tentamos pedir ajuda nos prédios em volta, mas ninguém abria, por medo”, disse Larissa à Agência Brasil.
Janete Maciel, gerente do restaurante Colher de Pau, um dos mais conhecidos da cidade, disse que o estabelecimento fechou, pela primeira vez, às 18h, quando o normal seria às 2h do dia seguinte. “Fomos os últimos a fechar, mas não resistimos pela incerteza de ficarmos vulneráveis. E contratamos segurança armada”.
Carol Monteiro, que trabalha em um quiosque que vende óculos de sol no Shopping Del Paseo, localizado num bairro nobre de Fortaleza, disse que, desde a abertura das lojas, o movimento foi fraco, mas ao longo do dia, o temor de assaltos foi se alastrando. “Passaram arrastões pelas redondezas e as lojas da região foram fechando por precaução.”
A feira de artesanato mais conhecida da cidade, que é ponto de referência para os turistas, localizada na Avenida Beira-Mar, teve poucos estabelecimentos comerciais abertos. Segundo seu Assis, que monta barracas e vende artesanato na feira, nem a metade de seus colegas apareceu para trabalhar ontem e os que foram tiveram que fechar mais cedo por falta de segurança na região.
Hoje (4), com o fim da greve dos policiais militares, que começaram a retomar suas atividades nesta madrugada, e o reforço do Exército, que continua fazendo a segurança em alguns pontos da cidade, a população retomou a sua rotina. A falta de segurança no dia de ontem foi o principal assunto em todos os cantos em Fortaleza nesta quinta-feira. Ainda não se sabe o número de crimes ocorridos durante a greve, nem qual foi o prejuízo comercial gerado neste período. A greve dos bombeiros e policiais militares teve início no dia 29 de dezembro.