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Agnelo e Perillo e suas estratégias para a CPMI

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Os líderes do PSDB e do PT começam a preparar suas bancadas para os depoimentos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira.

O primeiro a depor, na terça-feira (12/06), será Perillo. Os petistas estão preparados para cobrar esclarecimentos sobre a venda da casa do governador goiano, local onde o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso pela Polícia Federal suspeito de explorar jogos ilegais e subornar agentes públicos. Diversas pessoas envolvidas na venda da casa prestaram depoimentos contraditórios para os parlamentares sobre a negociação de compra e venda da casa do governador.

Após reunião com as bancadas do partido na Câmara e no Senado, o líder do PT, deputado Gilmar Tatto (PT-SP), disse que os petistas irão insistir na proximidade de Marconi Perillo com Cachoeira. “Eu sei que é difícil explicar essa relação íntima que ele tem com o Carlinhos Cachoeira, que é o chefe do crime organizado em Goiás. Até porque, se existia a contravenção no estado de Goiás, a responsabilidade de combatê-la é do governador. Os delegados [da Polícia Federal] que vieram prestar esclarecimentos aqui na CPMI disseram claramente: o governador Marconi Perillo vendeu a casa dele para o Cachoeira. O Carlinhos Cachoeira foi preso pela Polícia Federal na casa que era do governador. Tanto ele era íntimo do Cachoeira que ligou para dar parabéns no aniversário”, declarou.

Já sobre o depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, na quarta-feira (13), o líder petista garantiu que o partido estará unido para defender o governador. Agnelo é citado em gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça pela Polícia Federal de conversas do grupo de Cachoeira com funcionários do alto escalão do governo do Distrito Federal (GDF). As gravações dão a entender que o governador do PT também se beneficiava do esquema criminoso. Além disso, a Construtora Delta, que é apontada pela PF como um instrumento de Cachoeira para o pagamento de propinas a agentes públicos, tem contratos com o GDF.

“O contrato da Delta foi uma decisão judicial. Não foi o Agnelo que contratou a Delta, que fez a licitação. Quando ele assumiu o governo do Distrito Federal tinha uma decisão judicial para manter a Delta. Mesmo assim ele fez uma auditoria no mês de janeiro, logo que assumiu, e reduziu o contrato em 40%. Então olha a diferença [entre Agnelo e Perillo]”, disse Tatto.

Já os parlamentares tucanos tentam desconstruir as denúncias sobre as relações de Perillo com Cachoeira e buscar denúncias antigas para embasar o ataque a Agnelo Queiroz. Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), não há contradição entre a explicação dada pelo governador goiano para a venda da casa e os depoimentos prestados até agora na CPMI. “O que eu tenho ouvido é uma só versão insistentemente repetida: o governador vendeu para [o ex-vereador Wladmir] Garcez e recebeu em cheque. Garcez vendeu para [professor] Walter Paulo [Santiago], que pagou em dinheiro. Só há uma versão. Se é um negócio lícito ou não, certamente a CPMI terá oportunidade de julgar quando votar o relatório final”, ressaltou o líder tucano.

Dias garante que o partido vai procurar ser imparcial e não atacar o governador petista gratuitamente em seu depoimento na CPMI. Mas usou um tom irônico ao se referir às explicações que Agnelo terá que oferecer aos parlamentares em seu depoimento. “Não há espaço para agressão desnecessária. O questionamento tem que ser duro, todos os fatos revelados devem ser investigados e nós vamos dar oportunidade ao governador de Brasília de esclarecer todas as denúncias que pesam contra ele. Aliás, uma enxurrada de denúncias há vários anos, antes de ser governador, depois de governador, denúncias velhas, denúncias novas. Ele terá certamente a oportunidade de responder”, disse o senador.