O Concurso Completo de Equitação (CCE) é uma modalidade esportiva pouco conhecida no Brasil e os novos adeptos se inspiram nas conquistas do maior nome deste esporte em território nacional: o coronel carioca Péricles de Souza Cavalcanti, atualmente locado em Brasília.
Filho de Carlos Magalhães Cavalcanti – um cavaleiro da Polícia Militar do Rio de Janeiro, o então menino Péricles cresceu familiarizado com os animais que mais tarde lhe proporcionariam conquistar 13 títulos de campeão brasileiro e sete vice-campeonatos. Ainda foi vice campeão no Sul Americano de Buenos Aires, em 1977; vencedor de inúmeros Campeonatos do Exército e importantes torneios internacionais, não só de Concurso Completo de Equitação - como de salto. Péricles também participou, dos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, do Pan Americano de Chicago, em 1959, e do Campeonato Mundial de Lexington (EUA), em 1978. Atualmente se dedica ao adestramento.
“Essa da Finlândia foi muito interessante e educativa, porque a distância entre a vila olímpica e os campos de treinamento e competições era muito grande. Você ia de viatura que tinha hora marcada. O motorista ligava o carro três ou quatro minutos antes e ficava olhando para o relógio. Batia hora certa, ele engrenava e ia embora. Assim, aprendi mais uma vez a importância da pontualidade”, disse o coronel.
No 1º RCG - Regimento de Cavalaria de Guarda, em Brasília - onde estão alojados os Dragões da Independência, há uma placa em sua homenagem. O primeiro título nacional veio em 1951 e na sequência, os de 55, 59, 65, 69, 70, 74, 77, 78, 83, 85 e 86 – completando a tragetória vitoriosa no ano de 1992.
Péricles Cavalcanti (88 anos) é Coronel Reformado do Exército Brasileiro e lecionou Língua Portuguesa em vários estabelecimentos de ensino - incluindo o Colégio Militar do Rio de Janeiro, onde estudou de 1938 a 1942 e mais tarde ministrou aulas por 17 anos. Foi aluno da Escola de Equitação do Exército na Academia Militar das Agulhas Negras em 1950 e naquele tempo, nem mesmo seu instrutor imaginava que estava ensinando um multicampeão, quando publicou em documento tarjado de secreto, a seguinte observação: “Maior destaque teria conseguido se tivesse podido corrigir algumas incorreções na sua posição a cavalo.” – e parece que o então 1º Tenente de Cavalaria não apenas corrigiu, como também mostrou a todos que a observação era apenas um detalhe pouco condizente.
Disciplina e consciência sempre foram seus ideais. Provocado sobre se a juventude atual seria indisciplinada, Péricles foi enfático... “Não concordo. Eu acho nossa mocidade fabulosa. É só dar uma orientação que os resultados vêm logo”.
Sobre o período do Regime Militar, Péricles desvia o assunto... “Olha, eu não quero falar sobre essa questão de exército, revoluções, etc... porque eu acho que os jornais já tratam desse assunto. Eu tenho as minhas ideias e estou muito satisfeito com elas. Não me arrependo de nada do que fiz, nem do que me envolvi”. E concluiu sorrindo: “...estou esperando o fim”.
O 1º RCG-DF homenageia o coronel com uma biblioteca que leva o seu nome, onde estão expostos livros que falam sobre equitação e uma gama de autores clássicos tais como Eça de Queiroz, William Shakespeare, Machado de Assis, Camões, Guimarães Rosa, Vinícius de Moraes, dentre outros.
O maior orgulho do Cel Péricles de Souza Cavalcanti é a sala de comando, onde estão expostos os mais de quatrocentos troféus que conquistou. Ele acredita que os resultados no esporte vieram pela sua determinação.
“Quando a gente tem uma determinação para os fins que lhe agrada, se dedica. E essa dedicação sempre tem que ser pausada, estudada. Acho que os caminhos não são tortuosos, pois quando se tem um objetivo os caminhos são retos, jamais tortuosos. Caminhando com ardor e honestidade, tudo se consegue”.
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