Mais de 50 mil pessoas acompanharam a largada da Volvo Ocean Race, na tarde do sábado (5), em Alicante na Espanha. Na água, embarcações de edições passadas e escunas lotaram a praia de Iberdrola para a partida. O dia nublado não afastou também o público da vila da regata, que acompanhou a partida de outros locais como as praias de Postiguet e Albufereta. A perna conta pontos para a classificação geral e reza a lenda que o vencedor dessa parte se tornará o campeão da Volvo Ocean Race. O Brasil faz parte da festa e receberá em abril, na cidade de Itajaí (SC), o "circo" da maior regata de volta ao mundo, com seis barcos e 66 velejadores de 14 países.
O destino da flotilha será a Cidade do Cabo (África do Sul) depois de 6.500 milhas náuticas de percurso (12.044 km) passando pelos mares do Atlântico e Mediterrâneo, incluindo o gate de Fernando de Noronha (local em que os veleiros são obrigados a passar). As primeiras 24 horas serão com condições mais adversas de acordo com a meteorologia da Europa, com ventos entre 20 e 30 nós (entre 37 e 55 km/h).
"É uma sensação diferente. Despedir da esposa e dos filhos é duro e estaria mentindo se dissesse que é possível ter frieza nesse momento", contou Mike Sanderson, líder do Camper, após a despedida.
A emoção tomou conta das famílias dos tripulantes dos seis barcos no anúncio oficial das equipes. Filhos, esposas e amigos desejaram boa sorte na travessia com os olhos cheios de lágrimas. Os velejadores foram recebidos pelo príncipe das Astúrias, Felipe de Bourbon, e pelo campeão mundial de futebol Zinedine Zidane.
"É uma sensação de liberdade. Eu achava que o barco era maior para abrigar os 11 velejadores. Eles trabalham em equipe e são heróis", explicou Zidane, craque francês e um dos maiores algozes da história do futebol brasileiro.
O Brasil não tem um barco próprio, como na edição de 2005/06, mas dois velejadores levam o nome do País na regata. Horácio Carabelli e Joca Signorini tem funções especiais no Team Telefónica da Espanha. Carabelli não navega, mas é o diretor técnico do time, enquanto Signorini é chefe de turno. Os tripulantes trabalham em turnos de quatro horas durante as travessias.
"Estamos prontos para a aventura e queremos brigar pela vitória. Foram dois anos de preparação e o momento de partir chegou. Temos os brasileiros como peças chave no barco, já que são atuais campeões do evento", revelou Íker Martinez, comandante do Team Telefónica.
O vento de 25 nós de média, considerado forte, foi melhor aproveitado pelo Camper que contornou as primeiras boias na frente, e abriu vantagem para Puma e Team Telefónica. O Abu Dhabi, vencedor da Regata do Porto e líder da VOR, ficou mais atrás, seguido pelo Groupama 4 e Team Sanya.
As condições climáticas podem causar avarias nos barcos, por isso as tripulações estão preparadas para esse início de regata até a calmaria dos Doldrums (região com pouco vento a norte do Equador). Na descida da costa brasileira os veleiros são ‘impulsionados’ até a Cidade do Cabo.
"A situação é ideal para a alta-performance dos barcos Volvo Open 70, principalmente à noite durante a passagem do Mediterrâneo para o Atlântico Norte. As ondas costumam vir de frente e o convés ficará completamente molhado", disse Gonzalo Infante, meteorologista-chefe da Volvo Ocean Race.
Seis equipe disputam o título desta edição - Abu Dhabi (Emirados Árabes), CAMPER (Nova Zelândia/Espanha), Groupama (França), PUMA (EUA), Sanya (China) e Telefónica (Espanha) investiram, cada uma, R$ 27 milhões para participar da Volvo Ocean Race. Esta edição está sendo considerada uma das mais equilibradas da história, com cinco barcos em condições de vencer.
As equipes iniciaram a trajetória em Alicante (Espanha), seguindo para Cidade do Cabo/África do Sul (6.500 milhas náuticas/12.044 km), Abu Dhabi/Emirados Árabes(5.430 milhas náuticas/10.060 km), Sanya/China(4.600 milhas náuticas/8.520 km), Auckland/Nova Zelândia(5.220 milhas náuticas/9.670 km), ao redor do Cabo Horn até Itajaí/Brasil (6.705 milhas náuticas/12.420 km), Miami/EUA(4.800 milhas náuticas/8.890 km), Lisboa/Portugal(3.590 milhas náuticas/6.650 km), Lorient/França(1.940 milhas náuticas/3.590 km), finalizando a aventura em 7 de julho de 2012, na cidade de Galway/Irlanda(485 milhas náuticas/898 km). Durante sete meses, os veleiros percorrerão 39.270 milhas náuticas (72.767 km).
Regata chega em abril em Itajaí (Santa Catarina) - A parada brasileira, em Itajaí, no litoral de Santa Catarina, está prevista para abril de 2012. O trecho entre Auckland (Nova Zelândia) e a cidade catarinense é um dos pontos mais sensíveis e estratégicos da Volvo Ocean Race. As equipes velejarão 6.705 milhas náuticas (12.424 km) - o maior trecho da competição - pelos temidos mares do sul e tendo de contornar o Cabo Horn, considerado um dos locais mais perigosos para navegação do planeta.
A vila da regata de Itajaí será aberta no dia 4 de abril de 2012, quando devem chegar os primeiros barcos. Depois de duas semanas de manutenção, as equipes disputam a Regata Pro-Am, no dia 20, a Regata do Porto, no dia seguinte, e largam para os Estados Unidos no dia 22 de abril.
Edital da marina de Itajaí é lançado - No final da tarde de sexta-feira (4) foi lançado o edital de arrendamento do Complexo Náutico e Ambiental de Itajaí. As obras projetadas contemplam estacionamentos, heliponto, espaço comercial e de conveniências, piscina, guindastes e equipamentos para carga e descarga, pátio de manobras, hangar com 117 vagas secas, 689 vagas molhadas, atracadouros, fingers, prédio administrativo e playground.
O lançamento ocorreu simultaneamente em Itajaí e Alicante, após a entrega da licença ambiental pelo governo do estado de Santa Catarina. Os investimentos, da iniciativa privada, giram em torno de R$ 50 milhões. O período de concessão é de 25 anos, renovável por igual período.