O velocista Cesar Cielo, campeão olímpico em Pequim/2008 e bicampeão mundial dos 50 m livre, que levou a medalha de bronze na distância em Londres, na sexta-feira (3/8), estava mais descontraído, feliz com a terceira medalha olímpica. "Vai para o meu quadro de medalhas", disse, em entrevista na Casa Brasil, em Londres, neste sábado (4/8), valorizando a conquista, apesar de admitir que brigava pelo ouro. "Eu estava um pouco triste, mas a torcida me motivou quando gritou o meu nome como reconhecimento. Foi o momento mais importante, ali na piscina, mais emocionante, quando eu fiz a volta. Sentir o apoio da torcida. O Brasil ganha 15, 16 medalhas numa Olimpíada? Sair daqui com uma e ter três na história dos Jogos e nove em Mundiais é bem bacana."
Emoção
Senti uma emoção muito grande. Ter dado aquela volta ali na piscina e perceber que os brasileiros estavam torcendo bastante, gritando... Acho que foi o que mais emocionou. É um momento que vou guardar, sim, porque é uma medalha olímpica. Eu estava um pouco triste, assim.... Mas eles entenderam que eu dei tudo o que eu podia. Se não saiu o ouro, peço desculpas por não ter sido o suficiente, mas é bola para a frente. Vou tentar conquistar mais medalhas no ano que vem. Espero que todo mundo entenda essa mensagem. Que esta medalha é importante também, muito importante - são 15, 16 medalhas por Olimpíada num País de 170 milhões de habitantes. Essa é a mensagem que vai ficar."
Avaliação dos resultados
"Não vou usar os 100 m como desculpa. Já fiz esse programa vários anos seguidos, com sucesso. Mas ontem me senti cansado, sim. Arrisquei, achando que poderia conquistar essa medalha nos 100 m também. Foi a opção que a gente fez. No caso do esporte, a gente faz a opção e acredita nela até o fim porque não tem como voltar atrás e mudar o trajeto das coisas. O cansaço, é claro, fez parte dos últimos dias aí. Foi bom conquistar a medalha nos 50 m porque não foi uma performance totalmente perdida. Agora é descansar um pouco para o Finkel e pensar nas próximas competições."
Performance da natação
"Para a natação o tempo vai ser um parâmetro eterno. Você nada na sua raia, bate na borda e torce para o placar estar apontando o número 1, o melhor tempo da sua vida. Sempre vai fazer o melhor. Não necessariamente vai ser o melhor da nossa vida, mas naquele momento eu garanto para vocês que todos os atletas da natação deram a vida na piscina. Tenho certeza de que todo mundo deixou tudo o que podia. O momento pode não ter sido muito oportuno. Mas dentro da nossa raça, da nossa vontade, tenho certeza de que todo mundo vai dar 100% numa competição como essa. Tenho certeza de que a gente deixou tudo o que podia na piscina."
Defesa do título dos 50 m livre
"Não foi a noite que eu imaginei para mim, mas estou com a minha medalha aqui e não posso descartar a importância da conquista dessa medalha e agora é bola para a frente. Terceira medalha olímpica e nove em Mundiais. Não posso reclamar da minha carreira, não. Foi mais um ano em que me mantive no pódio. Desde 2008 que me mantenho no pódio, nas finais das provas de velocidade. É bola para a frente para começar a pensar nas próximas temporadas, Barcelona daqui a um ano (Mundial de Desportos Aquáticos."
Em 2016, nos Jogos do Rio
A idade, nos 50 m livre, não quer dizer muita coisa. Se não me engano, o Gary Hall ganhou uma Olimpíada com 30 anos, o Mark Foster nadou até os 36 anos, a Dara Torres com mais de 40...Dá para nadar por um bom tempo. É uma prova em que o treinamento não consome muito o atleta. Graças a Deus que sou velocista. Me dá prazer fazer velocidade no treino, ir para a musculação, fazer musculação pesada para ter mais força. Então, não vejo nenhum empecilho até 2016. A minha vontade de melhorar ainda é grande. Vou continuar buscando o melhor - é onde está toda a minha satisfação. Se vai ser suficiente para eu estar no pódio como nos últimos anos eu não sei dizer, mas vou continuar buscando o meu melhor. Vou buscar fazer os 21s2 no Mundial, no ano que vem, se fizer, no seguinte vou buscar um pouco menos.... até na hora que eu tiver vontade de treinar. Falar em parar, com 25 anos, parece prematuro. Estou empolgado para continuar buscando os meus tempos nos próximos campeonatos."
Cobranças por resultados
"Esporte é assim, gente. Tem de trabalhar, manter a esperança de que tudo vai dar certo. Eu tenho me mantido entre os primeiros, tenho um cartel de medalhas que poucos atletas do mundo têm. Não posso simplesmente falar que estou completamente decepcionado por tudo o que aconteceu com esse bronze, mais uma medalha que pouca gente tem. Pouca gente pode chegar e falar que tem uma medalha olímpica e eu posso chegar e falar que tenho três. É especial mesmo. Seria um desrespeito com o esporte eu falar que é um completo desapontamento essa medalha. Vamos ver o lado positivo das coisas, colocar mais uma no meu quadro de medalhas e continuar positivo para o futuro, continuar confiante, acreditar que tudo vai dar certo. Não deu certo desta vez, mas faz parte do jogo. No ano que vem, vou chegar com o mesmo espírito."
