O ginasta brasileiro Arthur Zanetti fez uma apresentação impecável de sua série no 44º Mundial de Ginástica Artística, no Palácio dos Esportes de Antuérpia, na Bélgica, no sábado (5/10), para ficar com a medalha de ouro nas argolas, com a nota 15.800. Arthur, de 23 anos, que já é campeão olímpico, ouro obtido em Londres/2012, e tinha o vice-campeonato mundial, em Tóquio/2011, ganhou um título inédito em seu currículo para confirmar o domínio nas argolas na atualidade. O russo Aleksandr Balandin ficou com a medalha de prata (15.733) e o norte-americano Brandon Wynn com a de bronze (15.666). O ginasta dos Estados Unidos ainda contestou sua nota, mas teve o recurso rejeitado pelos árbitros.
"Eu fiz a minha parte, como sempre. Estava esperando o ouro e, graças a Deus, ele veio. Nunca a apresentação é perfeita, sempre tem alguma coisa para arrumar, mas hoje a minha série foi a primeira", afirmou Arthur Zanetti.
Arthur Zanetti comemorou o ouro com um forte abraço no técnico Marcos Goto. Abriu a bandeira brasileira para fotos logo após o resultado final e, no pódio, mostrou o número 1 com as mãos e beijou a medalha. Estava sério até ir para o pódio, quando abriu o sorriso. Arthur não é de choro, mas ouviu o Hino Nacional Brasileiro com emoção. "Estou alegre sim, muito feliz. Ouvir o Hino é gostoso, ele mexe com a gente. Sou assim mesmo (contido), mas aos poucos fui me soltando. E não posso dizer que esse título foi uma surpresa. Estava esperando ir para o pódio, meu objetivo era ser o primeiro, estava planejado, tudo deu certo e mais uma etapa foi concluída. Eu sou tranquilo", disse o ginasta, de 23 anos, que treina com o técnico Marcos Goto na SERC/São Caetano desde os 9 anos.
Arthur optou por apresentar a sua série olímpica, sem o novo elemento que mostrou na qualificação. A estratégia do técnico Marcos Goto foi evitar que o ginasta perdesse energia com um elemento de força extrema, fizesse uma apresentação impecável da série proposta e cravasse na saída do aparelho. "Não fiz o novo elemento para chegar com mais fôlego ao fim da prova. O objetivo era cravar a saída e isso foi o diferencial", explicou Arthur. "Hoje, os árbitros estavam descontando bastante, calcaram a caneta. Estávamos pensando que, por ser final, as notas seriam um pouco mais altas. A saída foi o que definiu o pódio, quem cravou a saída foi ao pódio", analisou Marcos Goto.
A ansiedade da espera
Arthur Zanetti teve de sofrer até o fim, esperando pela nota dos adversários para confirmar o ouro. O brasileiro foi o terceiro a se apresentar entre os oito finalistas, depois do francês Samir Ait Said, que levou nota 15.500, e do russo Aleksandr Balandin (15.733), que ficou com a prata. Assistiu à apresentação do francês Dany Pinheiro Rodrigues, que colocou a mão no chão na saída e perdeu ponto (14.566).
Arthur seguia na liderança quando o americano Brandon Wynn, o quinto a se apresentar, vibrou demais e comemorou o desempenho com seu técnico. Levou a nota 15.666 que, ao fim das apresentações, contestou sem sucesso - ficou com o bronze. Arthur e Marcos ainda esperaram pelo chinês Yang Liu, que havia sido o primeiro da qualificação e oferecia perigo, mas a apresentação foi inferior à do brasileiro, nota 15.633. Aí, foi só esperar o holandês Lambertus van Gelder (15.533) e o japonês Koji Yamamuro (15.433) para poder comemorar o título mundial.
"É complicado ficar esperando os outros atletas competirem, mas tem de aguentar cada adversário que está passando. Não sei se é mais difícil ser o primeiro, o terceiro ou o último. A final tem um nível muito alto, quem está aqui é para disputar mesmo", disse Arthur.
Sobre estar entrando para a história como campeão olímpico e mundial nas argolas, Arthur Zanetti disse que está trabalhando pelo "melhor para a ginástica brasileira". "Pessoalmente, mais uma etapa na minha carreira foi concluída com esse objetivo, que era ser campeão mundial, mas ainda falta um título para eu estar plenamente satisfeito", afirmou o ginasta, dizendo que vai buscar o ouro no próximo Pan-Americano.
Arthur disse que o título era para todas as pessoas que o ajudaram, referindo-se aos integrantes da comissão técnica que trabalha com ele na SERC/São Caetano, coordenada por Marcos Goto, e aos patrocinadores e apoiadores. "O título é para todo mundo que me ajudou, todo o grupo de profissionais lá do ginásio, em São Caetano, minha família... Todo mundo que sempre está comigo no dia a dia merece esse título também". O técnico Marcos Goto fez questão de frisar que a "medalha é consequência do trabalho de um grupo inteiro", não só do seu trabalho. "É a soma de um trabalho de muita gente, de todo mundo", afirmou.
Este ano, Arthur foi campeão nas argolas em todas as competições que disputou: as etapas da Copa do Mundo de Doha (15.800 pontos) e Anadia (15.800), a Universíade de Kazã (15.975) - ficou com o bicampeonato universitário -, os Jogos Regionais (15.750) e o Brasileiro (15.800) - disputou as duas últimas competições pelo clube, a SERC, e pela cidade, São Caetano do Sul.