O decatleta Luiz Alberto Cardoso de Araújo fechou o penúltimo dia de competições do Troféu Brasil de Atletismo em grande estilo - levou a medalha de ouro nas provas combinadas, com 8.115 pontos, o recorde da competição, obteve a segunda melhor marca do Brasil de todos os tempos e a confirmação de vaga para o Mundial de Daegu, de 27 de agosto a 4 de setembro, e para o Pan-Americano de Guadalajara, em outubro. Luiz fez o índice B da IAAF, a Associação Internacional de Federações de Atletismo, que era 8.000 pontos, e como foi campeão sul-americano este ano garantiu presença na seleção brasileira que vai a Daegu.
Luiz dividiu o pódio com o companheiro do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA, Anderson Venâncio, que ganhou a medalha de bronze com 7.800 pontos, a melhor marca de sua carreira (a marca anterior era de 7.751 pontos). O chileno Gonçalo Barroilhet levou a prata (7.845 pontos).
O Clube de Atletismo BM&FBOVESPA teve um dia marcante no Troféu Brasil com o recorde sul-americano da velocista Ana Cláudia Lemos Silva, nos 200 m rasos (22s48), obtido ainda pela manhã, nas semifinais da prova, e o segundo ouro de Simone Alves da Silva, nos 5.000 m, com recorde do torneio. Somou 11 medalhas (4 de ouro, 3 de prata e 4 de bronze) e terminou o penúltimo dia de competições na liderança, com 489 pontos (267 no feminino, 222 no masculino), à frente do Pinheiros (228) e da Orcampi (137,5).
"Comecei a achar que era possível conseguir o índice depois do primeiro dia e de um bom resultado no disco. Depois, fiz 4,70 m no salto com vara e a vaga ficou ainda mais próxima. Foi além do que esperávamos, estávamos contando com 8.000 pontos, trabalhando para os 8.000 pontos (índice B da IAAF)."
Luiz disse que ficou triste pelo que aconteceu com Carlos Chinin, seu companheiro do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA. Chinin teve uma lesão de grau 2 na musculatura do bíceps da coxa esquerda e levará cerca de quatro semanas, segundo o médico Cristiano Laurino, do Clube BM&FBOVESPA, em recuperação com retorno gradual aos treinos. "Um atleta forte como ele fora da prova foi ruim. É sempre bom ter atletas fortes na disputa, um acaba puxando o outro."
Luiz disse ainda que no decatlo - dez provas combinadas - não tem uma que considere sua preferida. "Prefiro levar todas as provas como se fosse a primeira, não adianta contar com uma prova só no decatlo." Antes do Troféu Brasil estava fazendo treinos fracos. "Tive uma lesão no músculo da coxa esquerda e cheguei a ficar uma semana totalmente parado. Mas como vinha de treinos muito fortes, não cheguei a perder muita coisa."
Duas vezes superação
O técnico Edemar Alves dos Santos, do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA, que trabalha com Luiz e Anderson, observou que sentiu um grande alívio, depois do salto com vara - "ele só passou os 4,40 m na terceira tentativa, quase zera" (fez 4,70 m, no fim). Ao voltar de uma clínica na Itália, o decatleta teve uma lesão na coxa esquerda. Fez fisioterapia e, uma semana antes do Sul-Americano de Buenos Aires, em junho, sentiu que estava bem e pediu para competir. Venceu o decatlo e tornou-se campeão sul-americano da modalidade, mas, um pouco depois, voltou a sentir a lesão.
"Desde lá, não faz uma semana de treino completa. Tem treinado 40%, apenas. Por isso, ter vencido o decatlo, aqui, é uma superação muito grande para o Luiz. Foi uma grande prova. É uma pena o Chinin ter se machucado, porque seria ótimo ter os três atletas da BM&FBOVESPA na prova", disse Edemar, ressaltando que os três - Luiz, Carlos Chinin e Anderson Venâncio, tinham chances de superar a marca e vencer a competição.
De acordo com Edemar, Luiz já havia demonstrado seu potencial no Sul-Americano, quando venceu o decatlo, e pode voltar a surpreender ainda nesta temporada. "Ele pode chegar aos 8.300 pontos." A prioridade do decatleta, agora, é o Pan-Americano. Luiz deverá usar o Mundial de Daegu, em agosto, como preparação, aproveitando a presença de alguns dos melhores competidores do mundo na modalidade. "É importante disputar um Mundial, porque é uma competição em que ele pode evoluir bastante." Edemar acrescentou que está preparando Luiz para a Olimpíada de 2016, no Rio, quando terá 28 anos e estará no ápice como atleta.