Na tradicional disputa entre Brasil e África, deu empate na 70ª corrida do Circuito CAIXA, disputada na manhã do domingo (28/10), em Ribeirão Preto. Giovani dos Santos garantiu o título nacional batendo dois quenianos e um etíope, mas no feminino as estrangeiras deram o troco. A etíope Meseret Legese Biratu ganhou fácil, seguida por duas quenianas. A melhor brasileira, Marily dos Santos, só chegou em quarto lugar. A 11ª e última etapa do Circuito CAIXA desta temporada será realizada em Brasília, no dai 11 de novembro.
No dia em que milhões de brasileiros estão exercendo a cidadania no segundo turno das eleições, cerca de três milhares de ribeirão-pretanos acordaram bem cedo para exercer a qualidade de vida. O circuito de cinco quilômetros montado nas proximidades do Mercado Municipal ficou lotado de corredores, que enfrentaram o calor de 24 graus logo na largada às 8 horas da manhã.
A elite feminina percorreu duas vezes o circuito para completar os 10 quilômetros. Até a metade da prova as africanas ainda encontraram alguma resistência, principalmente de Marily e de Conceição Carvalho Oliveira. Aos poucos a etíope Meseret foi abrindo vantagem na ponta e na parte final dominou com tranquilidade para cruzar em 36min18. As quenianas Edna Mukwana e Jane Jelagat Seurey só chegaram quase um minuto e meio depois. Marily e Conceição ainda demoraram mais de 30 segundos para completar.
"Achei o percurso bem difícil, com duas subidas fortes, e senti também o calor, além de ter enfrentado momentos complicados em que tive de ultrapassar muitos amadores. Mesmo assim, estou feliz pela vitória", resumiu a campeã de apenas 21 anos e que está quase terminando sua primeiro temporada no Brasil. Ela chegou em agosto e ganhou outras duas provas, a 6K de Curitiba e a meia maratona de Olinda, ambas neste mês. Faz mais duas corridas até 11 de novembro e viaja em seguida para seu país.
Quem também estava satisfeita era a melhor brasileira, Marily dos Santos, que garantiu 30 pontos importantes para assegurar sua liderança no Ranking Nacional. Agora ela tem 33 de vantagem para a segunda colocada Roselaine de Souza Silva, do Cruzeiro, que foi apenas a nona no geral e sexta melhor brasileira.
"Meu objetivo era exatamente esse, ser a primeira brasileira, não importava quantas africanas ficassem na frente. Até tentei buscar a queniana (terceira colocada) mas não deu. Quero muito ser campeã do Circuito", garantiu Marily que havia vencido em Ribeirão Preto em 2006 e 2007. Até o final da temporada, ela participa de mais quatro provas: 10K Pan-Americana, Maratona de Curitiba, Volta da Pampulha e São Silvestre.
Giovani deu um show - Na Elite Masculina os destaques foram brasileiros. Giovani dos Santos, da equipe Pé de Vento, e José Márcio Leão, do Cruzeiro, puxaram o ritmo da prova desde o início. O queniano Barnabas Kosgei e o etíope Fikre Assefa Robi deixaram para forçar no final, mas não conseguiram buscar os brasileiros. Giovani cruzou saltitante em 31min09. Leão teve que dar um sprint nos últimos metros para não ser alcançado pelo queniano e terminou em 31min40. Barnabas completou dois segundos depois e o etíope, nove segundos depois de Leão.
"Saí forte e fui acompanhado pelo Leão até o quilômetro cinco. Depois comecei a abrir e fui embora para a vitória", resumiu Giovani. "O calor desgastou um pouco e o percurso é bem difícil, mas estava bem treinado", acrescentou o mineiro de Natércia, que se dedicou nesta temporada aos treinos para o Mundial de Meia Maratona, disputado no dia 6 deste mês, em Kavarna, na Bulgária. "Fui o 14º colocado e o primeiro atleta do continente americano", enfatizou orgulhoso.
Neste ano, Giovani disputou outras três provas do Circuito Caixa - ficou em sexto em Uberlândia, não completou em Belo Horizonte e foi quarto em Fortaleza. Agora vai se dedicar às principais provas do final do ano, Volta da Pampulha e São Silvestre.
Na disputa masculina do Ranking Nacional, Giomar Pereira fez o suficiente para garantir a ponta. Chegou em sexto (quarto melhor brasileiro), uma posição atrás de seu companheiro de equipe Valdir Sérgio de Oliveira, o vice-líder que tirou quatro pontos da diferença que era de 25. Giomar tem 359 e Valdir 338.
Karolina corre novamente com o filho - Karolina Cordeira, que corre com o filho Pedro no carrinho, foi um dos destaques entre os amadores de Ribeirão Preto. O menino é portador de uma deficiência raríssima, de difícil diagnóstico e sem tratamento definido - ele não tem movimentos, não fala e se comunica por meio de um computador adaptado. Karolina veio de Uberlândia, onde mora, para correr com um novo carrinho feito pela Hand Ventures, de São Bernardo do Campo, especialmente para o tamanho e peso do Pedro.
"Neste domingo vou fazer a estreia do Pedro em seu novo carrinho e estou feliz porque minha atitude de superação tem motivado outros pais de crianças deficientes a treinar com seus filhos", contou. Ela chegou de Washington há duas semanas, onde participa de um grupo de pesquisa genética para tentar um diagnóstico do problema do filho. "Há dois anos tinham sido descobertos apenas 49 casos no mundo iguais ao Pedro e agora já identificaram 129 pessoas com o problema. Os médicos estão testando um novo medicamento em laboratório e acreditam que poderão testar em humanos dentro de dois anos. Vamos torcer", informou, antes de largar ao lado da Elite Feminina.
A etapa de Ribeirão Preto teve quase o dobro de participantes do ano passado. Reflexo disso foi o grande número de tendas de academias e assessorias esportivas montadas próximo do pórtico de largada e chegada. Ao todo 34 grupos estavam representados na corrida com suas estruturas de apoio aos clientes, número recorde em provas do Circuito Caixa.
Duas delas chamavam a atenção. A Cia Athletica, que criou um grupo de corrida dentro da academia - a Cia Running, em 2011 - que cresce a cada ano. Do início do grupo para cá, o número de integrantes pulou de 75 para 150, que têm à disposição nove educadores físicos. E o Botafogo Runners, inaugurado dentro da equipe de futebol há apenas dois meses, com 35 participantes e que hoje tem mais de 200. Correm no grupo o vice-presidente do clube, Rodrigo Parizza, o médico do time Alexandre Vega, que é o coordenador dos corredores, a diretora de marketing Karina Cirino, entre outros membros da diretoria. Uma vez por semana, fazem um treino que começa dentro do estádio e segue pelas imediações.
Medalhista de prata no revezamento 4x100 metros na Olimpíada de Sydney/2000, Cláudio Roberto de Souza foi o padrinho da etapa de Ribeirão Preto do Circuito CAIXA. O ex-velocista deu a largada da prova e participou da premiação aos vencedores. Na sexta-feira, ele fez duas palestras em faculdades da cidade.
Resultados
Masculino
1- Giovani dos Santos (Pé de Vento) - 31min07
2- José Márcio Leão da Silva (Cruzeiro/CAIXA) - 41min40
3- Barnabas Kiplagat Kosgei (Quênia/Fila) - 41min42
4- Fikre Assefa Robi (Etiópia/Fila) - 41min49
5- Valdir Sérgio de Oliveira (Cruzeiro/CAIXA) - 31min55
6- Giomar Pereira da Silva (Cruzeiro/CAIXA) - 32min44
7- Altobeli Santos da Silva (Matilat Nardini/Esmelt) - 32min47
8- Kimosop Kiprono (Quênia/Luasa) - 33min05
9- Eliezer de Jesus Santos (Pé de Vento/CAIXA) - 33min10
10- William Salgado Gomes (Luasa) - 33min36
Feminino
1- Meseret Legese Biratu (Etiópia/Fila) - 36min18
2- Edna Mukwana (Quênia/Luasa) - 37min42
3- Jane Jelagat Seurey (Quênia/Fila) - 37min54
4- Marily dos Santos (Mizuno/Multsport) - 38min30
5- Conceição de Maria Carvalho Oliveira (Palmeiras/CAIXA) - 38min43
6- Noeme Maria Pereira (Chalu/Fundesport) - 40min01
7- Maria Zeferina Rodrigues Baldaia (CAIXA/Serquimica) - 40min33
8- Marluce Queiroz Borges (CAIXA/Faz Atleta) - 40min55
9- Roselaine de Souza Silva (Cruzeiro/CAIXA) - 40min57
10- Larisse do Nascimento de Sousa (Acaat/Vando & Larisse) - 41min03