O Autódromo de Interlagos recebeu a Stock Car de casa cheia na manhã deste domingo (9) em São Paulo para a Hero Super Final, corrida que decidiu o título da temporada 2018. Sob sol e calor, os 40 minutos da disputa foram
agitados e tensos para os postulantes ao título Daniel Serra, que largou em terceiro, e Felipe Fraga, que saiu do 18º lugar. Na bandeira quadriculada, a vitória ficou com Ricardo Zonta, enquanto Serra cruzou a linha de chegada em quarto lugar – uma posição à frente de Fraga – para selar a conquista do bicampeonato da principal categoria do automobilismo brasileiro.
“Foi muito tenso, porque você nunca sabe o que pode acontecer. Tem coisa que a gente não controla. Nos preparamos da maneira mais minuciosa possível, com um carro bem conservador para chegar no final”, lembrou Serra. “Então fui sofrendo um pouco com o desgaste de pneu, mas a gente fica nervoso: durante a corrida eu achei que o pneu furou umas seis vezes, de tão tenso que a gente fica. Muito nervosismo, mas sempre controlamos sabendo onde o Felipe (Fraga) estava, controlando o uso dos botões de ultrapassagem, mas estou muito feliz”, disse.
Na votação do último Fan Push do ano, os dois postulantes ao título estavam entre os eleitos. Além de Serra e Fraga, levaram o acionamento extra do botão de ultrapassagem os pilotos Bia Figueiredo, Lucas di Grassi, Bruno Baptista e o estreante Gaetano di Mauro.
As luzes vermelhas se apagaram e Ricardo Zonta manteve a ponta na largada seguido de Julio Campos, Cacá Bueno e Gabriel Casagrande, que pularam à frente de Daniel Serra, o terceiro no grid. Felipe Fraga, saindo de 18º, ganhou duas posições nos dois giros iniciais e continuava a escalada. Julio Campos tomou a ponta de Zonta na abertura da terceira volta, enquanto Casagrande colocava pressão sobre Cacá.
Em quinto, Serra mantinha o controle da situação apesar da pressão de Antonio Pizzonia. Zonta usou o botão de ultrapassagem para retomar a liderança na volta 4, e a dupla de líderes ia abrindo distância em relação ao restante do pelotão. Volta 5, e Campos continua com o rodízio de líderes ao reassumir a ponta.
Cacá começou a perder posições depois de levar um toque: a carenagem do carro começou a interferir no pneu traseiro esquerdo, e abandonou a corrida logo em seguida. Casagrande assumia o terceiro lugar trazendo Daniel Serra consigo – justamente na posição que lhe garante o título mesmo que Fraga vencesse (era o 14º no momento).
Em sua participação final na Stock Car, Lucas di Grassi subia da 17ª para a 10ª posição nas voltas iniciais. Zonta retomou a ponta na oitava volta e começou a abrir distância.
Na volta 10 começaram os pit stops. Entre os líderes, Julio Campos, Daniel Serra e Ricardo Maurício foram aos boxes. Ricardo Zonta parou no giro seguinte. Rubens Barrichello, ainda sem parar, aparecia na liderança depois de ter largado em 23º; Átila Abreu optou por estratégia semelhante ao fazer seu pit stop nas voltas finais da janela obrigatória e também chegou a liderar a prova.
A ordem se restabeleceu depois que todos os pilotos realizaram suas paradas para abastecimento e troca de pneus, com Ricardo Zonta em primeiro, Julio Campos em segundo e Gabriel Casagrande em terceiro. Ricardo Maurício, Daniel Serra, Antonio Pizzonia, Gaetano di Mauro, Marcos Gomes, Lucas di Grassi e Felipe Fraga fechavam os dez primeiros.
A tensão entre os postulantes ao título foi aumentando no final da corrida. Lucas di Grassi tomou o quinto lugar de Serra, e o líder do campeonato tinha atrás de si Marcos Gomes e Felipe Fraga, pilotos da Cimed Racing. Fraga usou do jogo de equipe para passar Gomes, campeão de 2015, e ficar em sétimo exatamente atrás de Serra.
Na última volta, Serra voltou a passar di Grassi, e Fraga embarcou na mesma tentativa, tirando o piloto da Hero Motorsport da corrida na curva do Laranjinha.
Na bandeirada, Ricardo Zonta conquistou sua primeira vitória na temporada e formou um pódio 100% paranaense tendo Julio Campos em segundo e Gabriel Casagrande em terceiro. Agora bicampeão, Daniel Serra cruzou a linha de chegada como bicampeão em quarto lugar, seguido de Felipe Fraga e Rubens Barrichello fechando os cinco primeiros.
Vencedor da prova, Ricardo Zonta destacou o trabalho do time e a perfeição de seu carro em qualquer que fosse a condição da pista durante o final a etapa final da temporada. “O final de semana inteiro o meu carro esteve entre os três primeiros, fosse na chuva ou na pista seca. Na corrida a maior dificuldade seriam as cinco primeiras voltas, mas consegui me manter bem próximo e depois abrir uma boa vantagem. No pit stop a equipe trabalhou muito bem e saí com uma vantagem que depois foi só administrar. Estou feliz por mim e pela equipe com este encerramento de temporada”, afirmou o paranaense da Shell V-Power.
Na reta dos boxes, após a prova, foi montada a recepção para o campeão de 2018 da Stock Car. Daniel Serra subiu no carro, cercado por membros da equipe Eurofarma RC e da torcida, e no pódio especial recebeu o troféu de campeão das mãos de Alberto Leite, da Hero, e do tricampeão Chico Serra.
“Agora é o momento em que toda a dedicação vale a pena; penso nisso 24 horas por dia e faço tudo para chegar o mais bem preparado possível nos finais de semana. Só a minha esposa sabe o quanto eu me preparo e me dedico para evoluir como piloto. Aos poucos a ficha vai caindo. É muito legal ter meus amigos aqui, a minha equipe... Todo mundo faz parte disso. É muito especial”, continuou Daniel.
O piloto de 34 anos soma dois títulos, contra três de seu pai, Chico Serra, tricampeão nos anos de 1999, 2000 e 2001. “Eu nunca pensei nos números do meu pai, mas ter conseguido dois títulos consecutivos – e ele venceu três – ia ser legal. Se eu conseguir chegar perto do que o meu pai fez, a minha carreira terá sido muito bem-sucedida”, concluiu o novo bicampeão da Stock Car.
Vice-campeão de 2018, Felipe Fraga cumpriu a promessa de lutar até o final e fez uma corrida impecável, partindo do 18º lugar para chegar em quinto. E fez um resumo da temporada. “Foi um campeonato muito bom. Estou feliz porque, como piloto, a minha performance melhorou, a cada ano mais. Mesmop eu não tendo sido campeão, eu acho que sou um Felipe melhor do que 2016 e melhor ainda que 2017. É uma pena, faltou pouco”, falou, antes de elogiar o adversário.
“O título está em boas mãos, sem dúvida, mas vamos trabalhar ainda mais no ano que vem. Estarei com a mesma equipe, que é a equipe perfeita. Esse ano muita coisa saiu do nosso controle e isso tirou a gente de estar em uma disputa mais mano a mano. Temos que dar o mérito para o Daniel e para equipe dele. Trabalharemos mais para o ano que vem, acertaremos os erros e os detalhes para vir com tudo de novo”, fechou Felipe Fraga.
Resultado – Hero Super Final*:
1. 10 Ricardo Zonta (Shell V-Power) – 25 voltas em 41min51s513 (154,4 km/h)
2. 4 Julio Campos (Prati-Donaduzzi Racing) – a 4s414
3. 83 Gabriel Casagrande (Vogel Motorsport) – a 5s894
4. 29 Daniel Serra (Eurofarma RC) – a 15s670
5. 88 Felipe Fraga (Cimed Chevrolet Racing) – a 16s271
6. 111 Rubens Barrichello (Full Time Sports) – a 16s359
7. 80 Marcos Gomes (Cimed Chevrolet Racing Team) – a 16s587
8. 1 Antonio Pizzonia (Prati-Donaduzzi Racing) – a 19s415
9. 51 Átila Abreu (Shell V-Power) – a 19s725
10. 544 Gaetano di Mauro (Hero Motorsport) – a 20s519
11. 65 Max Wilson (Eurofarma RC) – a 20s989
12. 70 Diego Nunes (Full Time Bassani) – a 21s413
13. 44 Bruno Baptista (Hero Motorsport) – a 24s118
14. 21 Thiago Camilo (Ipiranga Racing) – a 24s403
15. 12 Lucas Foresti (Cimed Chevrolet Racing Team) – a 24s915
16. 18 Allam Khodair (Blau Motorsport) – a 32s977
17. 3 Bia Figueiredo (Ipiranga Racing) – a 34s303
18. 30 Cesar Ramos (Blau Motorsport) – a 37s816
19. 5 Denis Navarro (Cavaleiro Sports) – a 39s514
20. 33 Nelson Piquet Jr (Full Time Bassani) – a 1min06s954
21. 31 Willian Starostik (KTF Sports) – a 1min18s549
22. 20 Ricardo Sperafico (Bardahl Hot Car) – a 1 volta
23. 90 Ricardo Maurício (Full Time Sports) – a 1 volta
24. 11 Lucas di Grassi (Hero Motorsport) – a 1 volta
25. 8 Rafael Suzuki (Bardahl Hot Car) – a 1 volta
26. 77 Valdeno Brito (Eisenbahn Racing Team) – a 1 volta
NÃO COMPLETARAM
27. 9 Guga Lima (Vogel Motorsport) – a 8 voltas
28. 28 Galid Osman (Cavaleiro Sports) – a 8 voltas
29. 110 Felipe Lapenna (Cavaleiro Contuflex) – a 10 voltas
30. 0 Cacá Bueno (Cimed Chevrolet Racing) – a 18 voltas
31. 46 Vitor Genz (Eisenbahn Racing Team) – a 24 voltas
MELHOR VOLTA: Marcos Gomes, 1min37s098 (média de 159,7 km/h)
Confira a classificação final do campeonato de pilotos:
1. Daniel Serra, 338 pontos
2. Felipe Fraga, 310
3. Julio Campos, 252
4. Rubens Barrichello, 242
5. Max Wilson, 210
6. Átila Abreu, 208
7. Marcos Gomes, 202
8. Ricardo Zonta, 184
9. Cacá Bueno, 172
10. Gabriel Casagrande, 155
11. Thiago Camilo, 134
12. Lucas di Grassi, 127
13. Cesar Ramos, 74
14. Diego Nunes, 66
15. Nelson Piquet Jr., 65
16. Rafael Suzuki, 61
17. Allam Khodair, 61
18. Ricardo Maurício, 54
19. Lucas Foresti, 49
20. Felipe Lapenna, 46
21. Antonio Pizzonia, 44
22. Vitor Genz, 43
23. Denis Navarro, 23
24. Bia Figueiredo, 21
25. Guga Lima, 17
26. Bruno Baptista, 16
27. Gaetano di Mauro, 14
28. Valdeno Brito, 13
29. Esteban Guerrieri, 13
30. Sérgio Jimenez, 10
A classificação final do campeonato de Equipes:
1. Eurofarma RC, 548 pontos
2. Cimed Chevrolet Racing, 482
3. Shell V-Power, 392
4. Prati-Donaduzzi Racing, 296
5. Full Time Sports, 296
6. Cimed Chevrolet Racing Team, 251
7. Vogel Motorsport, 179
8. Ipiranga Racing, 155
9. Hero Motorsport, 153
10. Blau Motorsport, 134
11. Full Time Bassani, 131
12. Bardahl Hot Car, 65
13. Eisenbahn Racing Team, 56
14. Cavaleiro Contuflex, 46
15. Cavaleiro Sports, 27
16. Hero Motorsport II, 17
17. Squadra G Force, 10