Depois de dois anos afastada do calendário, a cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul não apenas está de volta ao mundo da Stock Car como servirá de palco para a primeira rodada dupla - uma das grandes novidades da temporada - de 2014. A corrida inaugural, no mês passado em Interlagos, teve um caráter mais promocional, com os pilotos titulares dividindo o carro com um convidado em bateria única, e contou pontos pela metade. A partir deste fim de semana, o saldo das duas corridas será fundamental aos projetos de cada piloto e equipe.
O paranaense Júlio Campos, da Prati-Mico's Racing, terminou em 11º na surpreendente vitória do estreante Felipe Fraga em São Paulo e somou os dois primeiros pontos. Mas não tem dúvida que o campeonato vai começar "pra valer" no Rio Grande do Sul. "A corrida de São Paulo foi diferente, muito bonita para o público, mas valeu muito mais como uma festa e treinamento para as equipes, juntamente com os testes coletivos de fevereiro em Curitiba. No nosso caso, foi ótimo para solucionar de vez os problemas de câmbio que vínhamos sofrendo. O câmbio foi passado no rolo e, aparentemente, está OK. Agora é hora de transformar toda essa preparação em realidade e ir para cima."
Campos acredita que o formato será facilmente assimilado ao menos por grande parte dos pilotos. "Muitos da Stock Car correm ou correram no Brasileiro de Turismo, que usa um sistema similar. O maior desafio será se posicionar bem na corrida, economizar os pneus e deixar reserva do 'push to pass' para a segunda corrida. O perigo é estar brigando entre a 9ª e a 11ª ou 12ª posições no fim da prova inicial, porque todos vão querer terminar em 10º para sair na pole na outra pelo formato do grid invertido. E o risco de acidente deve ser evitado a todo custo, porque as corridas estão separadas por apenas 30 minutos. Quem bater e não largar sofrerá prejuízo enorme", lembra.
Com excelente retrospecto nas divisões de base - ganhou na Stock Car Light e na Picape Racing - em Santa Cruz do Sul, Campos defende a tese de que a constância é que definirá o campeão no final do campeonato. "O ideal será chegar sempre entre os quatro ou cinco primeiros na primeira corrida e somar bons pontos na segunda", avisa. Com base na etapa de Interlagos, sabe que o comportamento dos carros tende a se nivelar depois que os pneus perdem rendimento. "Fica todo mundo muito igual. Por isso, quem sair nas primeiras filas na segunda bateria tem chances grandes de terminar bem."
Campos tem o amazonense Antonio Pizzonia como companheiro de equipe. Em Interlagos, Pizzonia - que correu em dupla com Bruno Senna - viveu um fim de semana complicado por batidas tanto na tomada classificatória quanto na corrida. Em conversa com o Juan Carlos Lopez, diretor-técnico da Prati-Mico's Racing, reivindicou mudanças no carro. "Pedi um acerto que me permita carregar velocidade nas entradas de curva, como gosto e não estava conseguindo", observou. Pizzonia é outro que tem a mão dos 3.531 metros do circuito. "Gosto muito do traçado e costumo andar bem lá", disse o ex-piloto da Williams, que tem no 4º lugar em 2009 e 2010 o ponto alto das visitas ao Autódromo Internacional de Santa Cruz.
A primeira corrida, com a duração habitual de 40 minutos e mais uma volta, manterá o mesmo critério de pontuação que vinha sendo utilizado - 24 pontos para o vencedor, 20 para o segundo, 18 para o terceiro e depois reduzindo-se um ponto até o 20º colocado. A segunda, em razão do grid invertido, distribuirá menos pontos, premiando o vencedor com 15, o segundo com 13 e depois as diferenças caindo um a um até o 14º lugar. Desde a inauguração do autódromo em 2005, os vencedores foram Cacá Bueno (2006, 2007 e 2008), Ruben Fontes (2006), Max Wilson (2009), Allam Khodair (2010) e Alceu Feldmann (2011).