O segredo do sucesso da equipe Rio de Janeiro de vôlei feminino, hexacampeã da Superliga, vai além do talento de suas jogadoras. Nos bastidores, a comissão técnica dá um show de união e cumplicidade. A base da CT está junta desde 1997, ano em que o time foi criado em Curitiba (PR) chamada pela imprensa local de Paraná. Com Bernardinho no comando, os assistentes-técnicos e também ex-levantadores Ricardo Tabach e Hélio Griner, o fisioterapeuta Guilherme Tenius, o Fiapo, e a estatística Roberta Giglio, a Robertinha, chegam pela décima vez, juntos, a uma decisão da Superliga. Um caso raro no esporte brasileiro, em que poucas comissões técnicas desenvolvem um trabalho por tantos anos no mesmo time.
Só para comparar, no futebol, esporte mais popular do Brasil, a longevidade é rara. Na Série A do Brasileiro, por exemplo, Mauro Fernandes é o que está há mais tempo na mesma equipe: comanda o América, de Minas, desde fevereiro de 2010. O campeão de permanência é encontrado no Bragantino, que disputa o Campeonato Paulista. Marcelo Veiga está à frente da equipe há seis anos, embora tenha se afastado por três meses em 2007 para tentar a sorte em outros clubes. Logo estava de volta ao Bragantino.
De volta ao Rio de Janeiro, outros profissionais se juntaram ao grupo ao longo da trajetória vitoriosa da equipe. O preparador físico Marco Antônio Jardim chegou em 2001. Com a transferência do time para o Rio de Janeiro, em 2004, vieram o supervisor Harry Bollmann Neto, o médico Ney Pecegueiro e a nutricionista Isabella Toledo. Também integram o time o assistente de fisioterapia Alexandre Sant´Anna e os auxiliares técnicos Marcelo de Sá, Hylmer Dias e Angelo Nassif.
E qual a química para esse casamento quase perfeito? O técnico Bernardinho diz que há uma identificação e uma crença na linha de trabalho adotada. "É isso que gera a longevidade do grupo. Ganhar ou perder faz parte do processo. O bacana é saber que cada um deu o melhor de si em cada momento", afirma.
Tabach, que também foi assistente de Bernardinho nas seleções brasileiras feminina e masculina durante 15 anos, conta que o diferencial do projeto é unir uma equipe de alto rendimento ao esporte de base.
"Além do time, trabalhamos com o Programa Esporte Cidadão, inicialmente chamado de Centro de Excelência do Voleibol, voltado para crianças, o que era um sonho. No time, um profissional completa o outro, há respeito pelas diferenças. A palavra final é do Bernardo, mas a comissão técnica dá as ferramentas para ele decidir", explica Tabach.
O assistente-técnico Hélio Griner também acredita que o respeito seja o principal ingrediente para a "relação dar certo". E acrescenta: "qualquer relação sem respeito fica enfraquecida. É claro que às vezes discutimos. As opiniões não são as mesmas sempre. Mas, acima de tudo, existe confiança no trabalho do outro e isso facilita tudo."
Hélio lembra que cada título da Superliga tem a sua história particular e destaca que foram para Curitiba para montar um projeto que não sabiam onde poderia chegar. "Tudo deu super certo, mas não tínhamos ideia de como funcionaria. Mas o fato de todo mundo se conhecer há tempos, muito antes da formação do time, ajudou bastante", admite Hélio. "Eu era moleque e já via o Bernardo jogar. No mirim, joguei contra o Tabach. O Fiapo foi atleta do Tabach e por aí vai", recorda-se, acrescentando que a Praia de Ipanema, particularmente a rede em frente à Rua Garcia D’Ávila, sempre foi um ponto de encontro do grupo nos momentos de lazer.
O fisioterapeuta Fiapo e a estatística Robertinha apontam o primeiro título da Superliga, na temporada 1997/98, como o mais emocionante de todos. Fiapo conta que houve uma sequência emocionante de jogos naquela decisão contra a Nestlé, que era tricampeã da competição.
"Foi uma final inesquecível. Na Unilever, cada um respeita a individualidade do outro, não há interferência entre a vida pessoal e o trabalho. Quando o Bernardo não está presente por qualquer motivo, sabe que o trabalho está sendo bem conduzido em todos os setores", comenta Fiapo. Robertinha diz que há harmonia. "Na maioria dos momentos, sabemos o que o outro está pensando só pela troca de olhares. A intimidade é grande, a confiança também. O mais bacana é que a CT ganhou a confiança das atletas, tanto das mais antigas como das mais novas. É essa cumplicidade que vem trazendo inúmeras conquistas", finaliza.
A décima final da equipe Rio de Janeiro na Superliga, a sétima consecutiva, será no dia 30 de abril, às 10 horas, no ginásio do Mineirinho, em Belo Horizonte, contra o vencedor do confronto entre Osasco, atual campeão, e Vôlei Futuro.
O Rio de Janeiro tem a equipe hexacampeã da Superliga Feminina de Vôlei, a mais vencedora da história da competição, e o Programa Esporte Cidadão, que dissemina e fomenta valores de cidadania, bem-estar, cooperação e respeito por meio do esporte. Um pequeno gesto que, ao longo de 14 anos, transforma a vida de mais de 80 mil crianças e jovens.
Campanha da Unilever na Superliga Feminina de Vôlei 2010/11
Semifinal
Pinheiros/Mackenzie 0 x 3 Unilever (20/25, 23/25 e 11/25)
Unilever 3 x 0 Pinheiros/Mackenzie (25/18, 25/19 e 25/19)
Quartas de final
São Bernardo 0 x 3 Rio de Janeiro (21/25, 10/25 e 19/25)
Rio de Janeiro 3 x 0 São Bernardo (25/20, 25/16 e 25/16)
Returno
1ª rodada - Rio de Janeiro 0 x 3 Macaé Sports (21/25, 21/25 e 23/25)
2ª rodada - Rio de Janeiro 3 x 0 São Caetano (25/17, 25/19 e 25/22)
3ª rodada - Rio de Janeiro 3 x 0 São Bernardo (25/22, 28/26 e 27/17)
4ª rodada - Rio de Janeiro 3 x 0 Minas (25/14, 25/18 e 25/21)
5ª rodada - Rio de Janeiro 3 x 0 Mackenzie (25/12,25/19 e 25/18)
6ª rodada - São José 0 x 3 Rio de Janeiro (9/25, 12/25 e 14/25)
7ª rodada - Brusque x Rio de Janeiro (11/25, 16/25 e 11/25)
8ª rodada - Rio de Janeiro 0 x 3 Vôlei Futuro (19/25, 19/25 e 23/25)
9ª rodada - Rio de Janeiro 3 x 0 Praia Clube (25/21, 25/13 e 25/21)
10ª rodada - Pinheiros/Mackenzie 2 x 3 Unilever (25/20, 20/25, 21/25, 25/23 e 10/15)
11ª rodada - Osasco 0 x 3 Rio de Janeiro (17/25, 19/25 e 19/25)
Turno
1ª rodada - São Caetano 0 x 3 Rio de Janeiro (25/13, 25/17, 25/15)
2ª rodada - São Bernardo 0 x 3 Rio de Janeiro (30/28, 25/10 e 25/14)
3ª rodada - Minas 0 x 3 Rio de Janeiro (25/18, 25/21 e 25/13)
4ª rodada - Mackenzie 1 x 3 Rio de Janeiro (25/15, 22/25, 25/21 e 28/26)
5ª rodada - Macaé Sports 1 x 3 Rio de Janeiro (25/21, 20/25, 21/25 e 16/25)
6ª rodada - Rio de Janeiro 3 x 0 São José (25/10, 25/17 e 25/14)
7ª rodada - Rio de Janeiro 3 x 0 Brusque (25/17, 25/17 e 25/17)
8ª rodada - Praia Clube 0 x 3 Rio de Janeiro (16/25, 19/25 e 25/27)
9ª rodada - Vôlei Futuro 1 x 3 Rio de Janeiro (15/25, 18/25, 25/15 e 16/25)
10ª rodada - Rio de Janeiro 3 x 2 Pinheiros (25/20, 20/25, 27/25, 25/27 e 15/10)
11ª rodada - Rio de Janeiro 3 x 1 Osasco (23/25, 25/18, 25/19 e 25/15)
Classificação do io de Janeiro na história da Superliga
1997/98 - campeã
1998/99 - vice-campeã
1999/2000 - campeã
2000/01 - quarto lugar
2001/02 - terceiro lugar
2002/03 - quarto lugar
2003/04 - terceiro lugar
2004/05 - vice-campeã
2005/06 - campeã
2006/07 - campeã
2007/08 - campeã
2008/09 - campeã
2009/10 - vice-campeã